Por Andrea Jubé, Fernando Exman e Marcelo Ribeiro | Valor Econômico
BRASÍLIA - Com o objetivo de manter o protagonismo da última eleição, o PSB quer lançar candidato próprio à Presidência e aguarda uma resposta do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa. O ex-ministro Aldo Rebelo apresentou-se como alternativa, mas se Barbosa recuar, o partido tende a apoiar um aliado.
Uma ala defende a composição com o PDT, de Ciro Gomes, mas o vice-governador de São Paulo, Márcio França - que anuncia hoje a chapa que concorrerá ao governo -, trabalha pela aliança com o PSDB, de Geraldo Alckmin. França assume o governo em abril, quando Alckmin se desincompatibilizar para disputar a sucessão presidencial.
O líder do PSB na Câmara, deputado Júlio Delgado (MG), defende a candidatura própria ou a aliança com o PDT, com quem o partido mantém negociações avançadas em vários Estados.
"Tem fortalecido a tese da candidatura própria, mas se não tivermos um nome competitivo, como o de Joaquim Barbosa, deveríamos compor [com um aliado]", sustenta. "A tese do Ciro ainda não empolga, mas é mais forte", completou, apontando o caminho de "centro-esquerda" para o partido.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirma que é cedo para decidir sobre a candidatura própria. "Temos um grau de incerteza muito grande na política, nem os chamados candidatos naturais estão definidos", aponta, citando as pré-candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e até mesmo de Alckmin. "O Fernando Henrique [Cardoso] colocou em xeque a candidatura do Alckmin. Se ele não unir o centro, como fica o PSDB"?
O grupo político de França aposta que aliados de Alckmin ainda pressionarão o partido a apoiá-lo, num gesto que poderia levar à adesão do PSB à coligação nacional que o tucano tenta construir. Até mesmo por isso as discussões sobre o vice de França ainda não avançaram, aguardando a definição do quadro nacional.
França é um dos entusiastas da pré-candidatura do ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo. A avaliação é de que o aceno de uma aliança do PSB com os tucanos, ainda que no segundo turno, traria o PSDB para sua candidatura.
Por isso, eventual aliança com Ciro Gomes já no primeiro turno dificulta um arranjo com Alckmin. A interlocutores, Rebelo reconhece que os interesses regionais distintos do PSB são obstáculos ao seu voo presidencial.
Siqueira diz que Aldo Rebelo "é um grande quadro", mas ressalva que é preciso debater a candidatura própria com "serenidade e responsabilidade". O tema será discutido no Congresso Nacional do PSB, em 1º de março, mas a definição fica para julho, mês de registro das candidaturas oficiais.
O presidente do PSB destaca que a sigla tem candidatos competitivos ao governo em pelo menos nove Estados. As prioridades são as candidaturas de Márcio França em São Paulo e do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda em Minas Gerais, além da reeleição de dois governadores: Paulo Câmara, em Pernambuco, e Rodrigo Rollemberg, no Distrito Federal.
Outros nomes competitivos para governos estaduais são: o secretário estadual João Azevedo na Paraíba, o prefeito de Palmas, Carlos Amastha, em Tocantins, o senador Antônio Carlos Valadares em Sergipe, o ex-governador Renato Casagrande no Espírito Santo e David Almeida no Amazonas.
As conversas entre PSB e PDT estão avançadas em vários Estados. Nesta semana, está previsto um novo encontro entre Siqueira, o presidente do PDT, Carlos Lupi, e Ciro Gomes em Brasília. Em outra frente, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), também busca o apoio do PSB ao ex-presidente Lula, caso a Justiça autorize a sua candidatura a presidente da República.
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