A
coragem de um presidente que diz o que pensa e deseja
A
lerem-se os fatos com as lentes dos bolsonaristas de raiz, o presidente da República
acertou em cheio nos seus comentários sobre a pandemia da Covid-19 desde que
ela se insinuou por aqui em março último. Pode ter errado ao estimar que o
vírus mataria, se tanto, oitocentas pessoas. Corrigiu-se depois e falou em algo
como três mil. O número já ultrapassou a casa das 180 mil mortes.
Sim, mas é daí? Quem poderia ter acertado na mosca? Bem, o ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, muito antes de ser demitido por Bolsonaro, disse a ele que se nada fosse feito para deter a pandemia, em dezembro o número de mortos chegaria a 180 mil. Mandetta disse isso a Bolsonaro de corpo presente e também por escrito para que ele não esquecesse. Não adiantou.
Outra
vez: e daí? Bolsonaro não é coveiro. Prescreveu remédios para a cura do vírus –
a cloroquina foi um deles. Ordenou ao Exército que os produzisse em grande
quantidade. Milhões de brasileiros se encharcaram com eles. E não se assistiu a
nenhuma marcha de consumidores enganados pelo presidente. O governo gastará
mais de 200 milhões para desovar o estoque das drogas.
Quem
tinha que morrer, morreu ou ainda morrerá – outra observação afiada de
Bolsonaro que foi mal compreendida por muitos, mas que está sendo confirmada
pela realidade. E não será o uso da máscara, nem medidas de isolamento que porá
um fim ao avanço da doença. Ela só será detida, como Bolsonaro sempre garantiu,
quando contaminar 70% da população. Taokey?
Daí
porque não há pressa para dar início à vacinação em massa. E quando ela
finalmente começar, só deve ser vacinado quem quiser. Quem não quiser,
novamente como Bolsonaro afirmou, poderá estar sendo negligente com a própria
vida, mas jamais com a vida dos outros. Afinal, liberdade é mais importante do
que a própria vida mesmo que ponha em risco a vida alheia.
A
mais recente pesquisa Datafolha, divulgada ontem, mostra que aumentou o número
dos que não pretendem tomar uma vacina contra o novo coronavírus. 22% dos
entrevistados disseram que não planejam se vacinar, enquanto 73% disseram que
vão participar da imunização. Cerca de 5% declararam não saber o que fazer. Em
agosto passado, os dispostos a se vacinarem eram 89%.
Sejamos
isentos: trata-se ou não de mais um triunfo de Bolsonaro que costuma dizer o
que pensa doa em quem doer? Sua posição sobre a vacina da China, berço do
vírus, passou a ser compartilhada pelos que o escutam. Metade dos entrevistados
do Datafolha respondeu que não tomará a Coronavac de jeito algum. Preferem uma
vacina americana ou inglesa. Até mesmo russa.
O fato é que os verdadeiros ou falsos profetas só costumam ser reconhecidos para além do tempo em que pregaram.
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