O estado do Rio de Janeiro se esvaiu numa política conservadora desde que a “Lava Jato” local atingiu algumas figuras da política fluminense. Os partidos políticos do “centro político” se esvaziaram enquanto muitas “facções” oportunistas se fizeram presente como uma alternativa na política local. A falência financeira do estado é um problema crônico em que as soluções ganham espaço também na mediação do judiciário. Para agravar o cenário, uma “onda de violência” atingiu funcionários públicos da segurança estadual sem que tenhamos até hoje a dimensão de tamanha incidência num ente da federação. Veio uma intervenção da Segurança Pública estadual sob uma lógica sempre hobbesiana. Aqui, é o melhor cenário para se vislumbrar que o “o homem é o lobo do homem” a despeito da vitalidade cultural da sociedade e de nossos potenciais universitários.
Todavia, nos ensinou Antonio Gramsci que “a crise
consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo não pode
nascer; neste interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece”.
Essa seria a crise de hegemonia na política fluminense que fez emergir um Juiz
aprendiz de político que foi afastado de seu mandato e temos as constantes
ameaças de cassação da “chapa” dos atuais mandatários pelo TRE-RJ. Os atores
políticos se desmancharam em “ilhas” de influência e nossa dependência em relação
ao Governo Federal se torna cada vez mais decisiva. Portanto, a tendência de
despolarização da política brasileira após as eleições municipais desse ano
deveria se estender para o cenário estadual.
A defesa de valores conservadores se faz em compôs
de reconhecimento de identidades que reagem ao diálogo e a tolerância. Segundo
John Stuart Mill, em Sobre a Liberdade
(1859), “as opiniões dos homens, portanto, sobre o que é louvável ou culpável,
são afetadas por todas as múltiplas causas que influenciam seus desejos em
relação à conduta dos outros, e que são tão numerosas quanto aquelas que
determinam seus desejos sobre qualquer outro assunto. Às vezes sua razão,
outras vezes seus preconceitos ou superstições: muitas vezes seus afetos
sociais, não raramente seus antissociais, sua inveja ou ciúme, sua arrogância
ou desprezo: mas, mais comumente, seus desejos ou medos por si mesmos – seu
interesse próprio legítimo ou ilegítimo (...)”.
Portanto, a defesa da formação de uma “Grande
Política” é o primeiro passo para a reorganização da vida política estadual
para enfrentar os problemas de seguridade social de uma população que está se
sentindo “sitiada” ora pelo crime organizado ora pela ausência de políticas
públicas. As sedimentações passivas do passado se fazem presente em inúmeros
municípios que vivem sob a circulação de ganhos pagos pela previdência social.
Os números do censo de 2022 antecipam a gravidade do que está por vir se não
houver um debate programático em torno do envelhecimento de uma população que
migra para cidades medianas com poucos recursos, por exemplo, na saúde. Além
disso, a capacidade de inovação econômica e tecnológica impõe uma nova etapa na
política da educação pública estadual aonde as redes da FAETEC fazem parte de outra
Secretaria.
Temos muitos desafios adiante para que tenhamos uma
Frente Democrática. Esse é o melhor momento de começar esse debate uma vez que
não podemos ficar prisioneiros de posturas sectárias ou de cálculos
eleitoreiros como na recente. A moderação política tem feito surgir novos
ganhos como se observa nas gestões municipais da Capital e de Niterói. Para
além dos atores políticos, que se fazem necessário nesse momento em formar e
renovar seus quadros de lideranças partidárias, observamos na moderação
política a promissora emergência tanto do deputado Otoni de Paula (MDB) quanto
da vereadora Tainá de Paula (PT) passando pelo vice-prefeito eleito carioca
Eduardo Cavaliere (PSD). Vejamos se essa tendência se consolide para os anos
vindouros nas forças políticas em benefício de todas e todos.
*Doutorando
em Ciência Política do PPGCP-UNIRIO.
5 comentários:
Ótimo artigo, professor. 👏
Como sempre arrasando nos artigos, parabéns!!!👏👏
Ótimo artigo Professor Vagner
Excelente artigo, Professor Vagner. Otoni é sim um dos produtos desse processo. Para mim, uma surpresa.
Artigo top, professor Vagner. Como sempre!!!
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