O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), anunciou ontem mudanças na equipe e disse que terá autonomia para chamar pessoas de fora do seu partido, que controla a pasta há nove anos. Também afirmou que não fará novos convênios com ONGs. As irregularidades nos contratos com essas entidades estão na raiz da crise que levou à queda de Orlando Silva. O comitê organizador da Copa disse estar pronto para colaborar com o novo ministro
Aldo barra convênios com ONGs
Novo ministro do Esporte diz que, com apoio da pasta, denúncias serão investigadas
Maria Lima, Demétrio Weber e Chico de Gois
Confirmado ontem como novo ministro do Esporte, como antecipado pelo GLOBO, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) anunciou que a pasta deixará de firmar convênios com organizações não governamentais (ONGs). Essas entidades civis serão substituídas por prefeituras e órgãos públicos em todos os programas do Ministério do Esporte. Aldo afirmou que fará mudanças na equipe herdada do ex-ministro Orlando Silva, ressaltando que tem autonomia para isso. Os primeiros a sair deverão ser o secretário-executivo, Waldemar Manoel Silva de Souza, e o chefe de gabinete do ministro, Vicente Neto. Ele será empossado segunda-feira.
Foco das denúncias que derrubaram Orlando Silva, as ONGs serão banidas dos novos convênios dos programas do Ministério do Esporte, e não apenas do Segundo Tempo, alvo de várias denúncias de corrupção. O novo ministro admitiu não saber ainda se será possível, do ponto de vista legal, interromper convênios em andamento. Mas disse que não renovará parcerias com esse tipo de entidade:
- Como ministro, no ministério, não pretendo fazer convênios com ONGs - afirmou Aldo, explicando que prefeituras e órgãos públicos estão submetidos a mecanismos de controle e prestação de contas mais efetivos do que ONGs. - Os convênios com as prefeituras continuam. Não vamos acabar com o Segundo Tempo. A intenção é acabar com os convênios com as ONGs, em qualquer programa. Não acabar com os programas.
Além do Segundo Tempo, o Ministério do Esporte executa convênios para quatro programas: Pintando a Cidadania, Pintando a Liberdade, Praças da Juventude, Esporte e Lazer na Cidade. Ontem, a pasta não informou quantas são, no total, as parcerias com ONGs. O Segundo Tempo tem hoje 26 convênios com essas entidades, a maior parte com órgãos públicos.
Sobre as mudanças que deverão ser feitas no ministério - para corrigir falhas que permitiram a montagem de um esquema de cobrança de propina -, Aldo disse que montará a sua equipe, sem constrangimentos com o PCdoB. Mas ressaltou que a substituição não significa condenação:
- Vou fazer as mudanças necessárias no Ministério do Esporte. Os nomes que vou trazer ainda não sei, precisa ser o perfil que possa se adequar a cada atribuição. Não precisa ser necessariamente do PCdoB, pode ser de fora do partido - disse. - Vou ter autonomia para mudar o que tiver que ser mudado. Ninguém duvide disso.
O novo ministro sinalizou que não pretende instaurar novas sindicâncias, porque, segundo ele, investigações em curso terão continuidade, com apoio do ministério. O governo cobra recursos desviados de convênios do Esporte, entre 2002 e junho de 2011, que superam R$50 milhões.
- A melhor auditoria é a auditoria prévia. É agir preventivamente antes de realizar um convênio. Destinar recursos públicos para instituições que tenham mecanismos de controle e de prestação de contas provados.
Para ouvir o convite da presidente Dilma Rousseff, ontem de manhã, Aldo chegou ao Alvorada às 11h30m dentro de um veículo popular e saiu de lá uma hora depois, de carona no carro oficial da ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas. A declaração sobre o novo ministro do Esporte perdeu parte do brilho porque, três horas antes, o ex-titular Orlando Silva já havia se antecipado a Dilma e anunciado, no twitter, que seu colega de partido iria substituí-lo: "Bom dia, Aldo. Deus ilumine teus caminhos. Bom trabalho!".
No Alvorada, estavam reunidos com a presidente o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. Na saída, fiel ao seu estilo de poucas palavras, Aldo confirmou:
- A presidente Dilma me fez um convite para assumir o Ministério dos Esportes (sic), agradeci a confiança, disse que aceitava como desafio, e que procuraria me desincumbir da tarefa da melhor maneira possível - declarou, enumerando o que a presidente lhe pediu. - (A orientação é) procurar conduzir o ministério com os desafios que estão à frente do país: Copa, Olimpíadas e todas as tarefas relacionadas com os programas do ministério.
À tarde, na Câmara, Aldo disse que é favorável à meia-entrada para estudantes na Copa de 2014, mas seguirá a posição adotada pelo governo no projeto de Lei Geral da Copa enviado à Câmara. Na proposta, o Executivo não trata do assunto, deixando que Fifa negocie com estados e municípios:
- Fui presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), líder estudantil, e uma das bandeiras sempre foi a meia-entrada. Criou-se um direito que consta da legislação brasileira.
Fonte: O Globo
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