Os liberais soltos desde a vitória momentânea da guerra ideológica com a esquerda deitam e rolam e, cada vez mais audaciosos, depois de tantos ganhos, voltam-se contra salários mínimos e aposentadorias, mostrando uma coisa e outra como responsáveis pela falta de competitividade da economia brasileira. Salários grandes como os nossos tornam a força de trabalho muito cara e diminuem a possibilidade de competir no mercado internacional, palavras de Sadenberg o mago dos comentários de uma rede de rádio nacional. A Senhora Nara, de mãos dadas com este mesmo Sadenberg manda-lhe uma mensagem, diz de nossos aposentados que devem deixar de ajudar os filhos e os netos, venderem seus apartamentos nas cidades grandes e irem morar em pequenas cidades com menores gastos e com bons (?) serviços públicos de saúde. O recurso da venda de suas moradas na cidade grande serviria de poupança, o que os afastaria de maiores despesas e tornaria desnecessários aumentos em suas aposentadorias. Tudo no melhor dos mundos para o capital. E pobre como diz o deputado Justo Veríssimo que se exploda.
Vivo e penso constantemente por que não se faz um grande programa de esterilização de todos os pobres, ou será que Marx tinha razão, só a força de trabalho, melhor dizendo, os pobres ou os que os liberais querem cada vez mais pobres, criam valor, agregam riqueza. Sei não, entretanto há mais coisa no ar do que avião de carreira. Parece deste modo, a crise internacional tornou os liberais e a direita em geral mais antropofágicos e agora a predisposição é para comer (no mal sentido), os trabalhadores e todos os pobres (aposentados inclusive) o mais depressa possível, até para que seus salários e aposentadorias não cresçam mais. Desde a importante colocação, os pobres morreram felizes para sempre, para a eternidade.
É preciso ir á linha de frente e combater estas ideias, haja vista, a sua desumanidade e seu caráter mesquinho e subserviente aos portadores dos meios de produção, aos portadores do capital. Ao longo da história tem se posto como fundamental à vida o trabalho. O ato de trabalhar faz o homem se apropriar da natureza transformando-a em utilidades para satisfazer as necessidades dos humanos. Utilidades que através da propriedade privada dos meios de produção transformam-se em mercadorias, símbolo maior do modo de produção capitalista e meio através do qual ocorre a expropriação da mais valia, processo que torna possível a distribuição desigual da riqueza gerada. A força de trabalho, a que cria o valor, a riqueza, é submetida á super exploração em um mundo em que o ser humano é definido pelo trabalho produtivo, o que o faz distinto dos outros seres da natureza. Aposentados, já que todos não mais produzem mais valia, partam logo para o outro mundo e assim será muito melhor para o capital. Sintam-se desde já abençoados.
Délio Mendes é professor aposentado da UFRPE
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