Enfim, o horário eleitoral iniciou. E é tarefa do eleitor saber filtrar o que vê e ouve.
Os "marqueteiros eleitorais" costumam dizer que eleição é emoção. Não seria isso um dos argumentos mais nefastos nas campanhas eleitorais para que o seu resultado seja mais distante das necessidades objetivas de uma boa administração pública?
A essa lógica publicitária submete-se a prática de fazer candidatos posarem para imagens de campanha segurando crianças ranhentas desconhecidas para demonstrar que o candidato é bonzinho, carinhoso e humano, apesar de não guardar nenhuma relação real de afeto com a criança figurante.
Da mesma formar cabe produzir fotos da família unida e feliz, mesmo que não a tenham. Costumam também participar de cultos e cerimônias de religiões que não professa; comer pastel no popular mercado o qual costumeiramente não freqüentam; fazer pose de líder destemido em discursos enérgicos pré-programados quando a personalidade do candidato, de fato, é de frouxidão; enfim, perseguir a vinculação de sua imagem a esses e inúmeros outros estereótipos de "bom candidato".
Tudo para criar empatia com o eleitor, cativá-lo pelo sentimento e fisgar o seu voto.
Outro viés do marqueting é dotar o candidato de uma biografia na qual ele possa se afirmar como capaz de administrar uma cidade, mesmo que nunca tenha passado nem perto de fazê-lo. Aí vale citar pós-graduação em qualquer coisa e é comum também comparar administração de sindicato, ONG ou empresa privada com administração de uma prefeitura para tentar iludir o eleitor que o candidato marquetado se encaixa em alguma forma como um "competente administrador".
Mas o pior ultimamente é a marquetagem do candidato herdeiro ou candidato espelho, aquele em que não sendo nada ou sendo ainda muito pouco na política ou na vida pessoal, mas que com certeza tem pouquíssima luz própria, é colocado como o "apoiado", "o filho", "o que tem a mesma história", "o que vai fazer igual" ou outros tantos artifícios para vinculá-lo a alguém que é ou foi alguma coisa de verdade.
História cada um deve construir a sua, os políticos ainda mais. O eleitor há que saber, ou ao menos tentar, não comprar gato por lebre. O castigo poderá ser ficar um produto falsificado e de má qualidade por 4 anos, já que fazer a troca é difícil e quase sempre traumática.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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