Depois de virar palco de conflito da polícia com os servidores públicos, o Planalto enfrentou ontem protestos promovidos pelos representantes de mais de 30 entidades ligadas ao campo, como Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Via Campesina e Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag).
Cerca de 7 mil trabalhadores rurais, de acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, que faziam passeata pela Esplanada dos Ministérios, tentaram invadir o Palácio do Planalto e chegaram a derrubar as grades de proteção colocadas para proteger o local dos manifestantes.
Mais de uma vez a tropa de choque da PM foi chamada e acabou havendo um tumulto entre militares e trabalhadores. A certa altura, estes chegaram a ser atingidos por cassetetes, gás lacrimogêneo e spray de pimenta - mas, segundo a PM, ninguém ficou ferido.
O tumulto começou por volta das 9h30, quando a presidente Dilma Rousseff nem havia chegado ao Planalto. Ao chegar, o comboio presidencial entrou pela área da Vice-Presidência e Dilma teve acesso ao palácio pelos fundos, por volta das 10h20. Por causa de protestos de servidores públicos, Dilma já fora obrigada a sair pela porta dos fundos. Sempre que há protestos, como na semana passada e ontem, quando a PF estava diante do Planalto, a presidente tem usado a entrada alternativa.
Desta vez, até a polícia de choque do Exército foi chamada ao palácio para proteger as suas instalações. Mas, apesar de estarem acompanhados de cães para conter os manifestantes, os soldados não entraram em contato, nem em confronto, com eles. Ficaram recuados, na área externa do palácio.
Em guarda. Um dos seguranças do Planalto avisou ao comandante da tropa que havia determinação para que eles ficassem no local. Normalmente esta guarda é feita apenas pelo Batalhão de Guarda Presidencial (BGP) ou pelo Regimento de Cavalaria de Guarda (RCG). "O ministro mandou o choque ficar (no Palácio)", disse o segurança ao comandante dos militares do Exército, retransmitindo a ordem do general José Elito, ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança da presidente e do Planalto. Como outras manifestações ainda poderiam ocorrer ao longo do dia, quando a confusão acabou eles foram para o alojamento do palácio, para aguardar algum novo chamado.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral, ministro Gilberto Carvalho, desceu ao saguão do Planalto para conversar com uma comissão dos manifestantes. Ele comentou que tinha receio da violência neste tipo de manifestação, mas reconheceu que os protestos são legítimos. Gilberto Carvalho recebeu a pauta de reivindicações das entidades e se comprometeu a entregá-la à presidente Dilma Rousseff.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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