Dois
dias depois de o PSDB lançar a candidatura do senador Aécio Neves (MG) à
Presidência da República, o diretório do PMDB de Minas Gerais ameaça uma
debandada em adesão ao tucano, com a retirada do apoio à reeleição da
presidente Dilma Rousseff.
A
tensão levou o vice-presidente e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, a
convocar uma reunião hoje com a presença do ministro Fernando Pimentel
(Desenvolvimento), a principal liderança petista mineira na Esplanada e
pré-candidato a governador em 2014.
PMDB-MG
ameaça debandada pró-Aécio
Caio Junqueira
BRASÍLIA - Um dia depois de o PSDB lançar a
candidatura do senador Aécio Neves (MG) a presidente da República, o diretório
do PMDB de Minas Gerais ameaça uma debandada a partir da retirada do apoio à
reeleição da presidente Dilma Rousseff e adesão ao projeto presidencial do
tucano.
A tensão é tamanha que o vice-presidente da
República e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, convocou uma reunião
para a manhã de hoje no Palácio do Jaburu com a presença do ministro Fernando
Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), a principal liderança petista
mineira na Esplanada e pré-candidato a governador em 2014. Também participam,
pelo PMDB, o ministro Mendes Ribeiro (Agricultura), o presidente do diretório
mineiro, deputado Antonio Andrade, e o deputado Leonardo Quintão, que tem
pretensões majoritárias para 2014.
O sentimento dos pemedebistas mineiros é de
que o governo federal não trata o Estado de acordo com sua representação
política. Não consideram Pimentel da cota do Estado e cobram um ministério
representativo, como Transportes. "Há uma inquietação da bancada com o
tratamento desigual. Tem deputado que é da base em Minas e da base aqui que é
mais bem tratado pelo governo federal do que quem é como nós, oposição lá e
base aqui. E agora está se aproximando a eleição", disse Andrade.
Mas o receio maior dos pemedebistas mineiros,
contudo, é de terem uma reeleição difícil por não apoiar o projeto Aécio, bem
propagandeado pelos tucanos mineiros e por boa parte do eleitorado como algo
que tem contornos suprapartidários em prol da conquista do poder federal por um
conterrâneo.
"Existe a possibilidade sim de apoiarmos
Aécio. Talvez a única maneira de recuperar o prestígio de Minas e colocar Minas
novamente no centro da história é mirar um mineiro para retomar o poder. Temos
excelente diálogo com Aécio e Anastasia. Estamos fazendo diálogos de 180
graus", disse o deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG), que foi ministro da
Saúde no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, "há
um sentimento em Minas de que, desde a Presidência de Marechal Deodoro, nunca
Minas esteve tão mal representada". "Temos zero ministros. Minas foi
banida da Esplanada. Esse sentimento de indignação está crescendo",
concluiu.
Foi por essas razões também que Saraiva
Felipe colocou seu nome como candidato a líder do PMDB, para suceder o atual
líder, Henrique Eduardo Alves (RN). Com sete deputados, os mineiros representam
a segunda força na bancada, depois do Rio de Janeiro. Além dele,
apresentaram-se Danilo Forte (CE), Eduardo Cunha (RJ), Manoel Júnior (PB),
Marcelo Castro (PI), Osmar Terra (RS), Sandro Mabel (GO). Priante (PA) também
cogitava entrar na disputa, que ocorrerá somente no dia 30 de janeiro.
Alguns correligionários apontaram que a
movimentação de Minas nesse embate interno tem por objetivo forçar uma
dissidência no futuro, até mesmo com a eventual saída de integrantes do partido
rumo ao PSDB. Os mineiros, contudo, negam que esse seja o objetivo.
O problema é que, com isso, acabam por
atingir a pretensão de Temer de ser novamente vice de Dilma. Afinal, se o
presidente de fato do PMDB não conseguir controlar o segundo maior colégio
eleitoral do país, a chance de um efeito em cascata em outros diretório menores
é grande. E não interessa ao PT ter um PMDB rachado em 2014, ainda mais quando
há a ameaça real de uma candidatura adversária de dentro da base, como a do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Em outra frente, e sem qualquer relação com
2014, o PMDB deve fechar hoje o apoio da oposição à candidatura de Henrique
Alves a presidente da Câmara. Há reuniões previstas com o PSDB e com o DEM.
Ontem, o PSD também caminhava para fechar apoio ao pemedebista, mas a deputada
Rose de Freitas (PMDB-ES) apareceu no encontro e se colocou na disputa.
Fonte: Valor Econômico
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