Está definida a linha básica da celebração
que o partido governista pretende realizar em 2013, para assinalar uma década
da chegada ao poder em Brasília. Os propósitos foram tornados públicos pelo
presidente nacional do PT, Rui Falcão, em palestra no encontro de prefeitos e
vereadores da sigla, na última segunda-feira. O líder partidário expôs com
clareza quais são os objetivos prioritários da comemoração, que, sob seu ponto
de vista, deve fortalecer a democracia. O que o projeto exposto apresenta é, na
verdade, a repetição de teses que o partido vem defendendo ultimamente e que,
sob quaisquer pontos de vista que não sejam os dos seus formuladores, caminham
exatamente na direção contrária à do fortalecimento das instituições.
O jeito petista de governar, conforme Falcão,
defende inicialmente uma reforma política que acabe por subsidiar os partidos
com o financiamento público de campanha. Para que o país seja mais democrático,
ainda de acordo com a visão petista, é preciso que a militância esteja atenta
ao que define como "mídia monopolizada" e "Judiciário
conservador". A mídia seria o obstáculo ao prolongamento da permanência no
poder, porque exerceria, muito mais do que os partidos, uma oposição real ao
governo. O líder não teceu maiores comentários à Justiça conservadora, mas
ficou evidente a reiteração do ressentimento com a postura adotada pelo Supremo
no julgamento do mensalão.
Partidos devem defender programas e projetos
com convicção, por mais estranhos que possam parecer, pois a democracia só
prospera em ambientes que toleram e estimulam a convivência de diferenças e
discordâncias. Não é razoável, no entanto, que se aceitem sumariamente ideias
conflitantes com o que a democracia tem de mais elementar. O que os ataques à
mídia escondem é exatamente o desconforto com a diversidade e com a missão do
jornalismo como vigilante do interesse público, como se comprova agora com a
divulgação de mais um escândalo no núcleo do poder.
O que o líder petista chama de mídia
monopolizada é a que mantém independência em relação a projetos que incluem
corrupção, aparelhamento do Estado e compra de apoio político. O que rotula de
Judiciário conservador é um Supremo Tribunal Federal corajoso a ponto de
determinar, num julgamento histórico, a condenação de políticos graúdos que
traíram a confiança da população. Da lista de proposições do partido, até da
reforma política, que é necessária para o país, deve-se desconfiar, quando o
primeiro ponto colocado é o confisco de dinheiro dos contribuintes para
financiar as agremiações mais poderosas. Ainda bem que a democracia se
fortalece a cada tentativa, como a defendida pelo presidente do PT, de
submissão da imprensa e do Judiciário a ambições autoritárias.
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