Depois de 13 quedas seguidas, a produção
industrial voltou a crescer em relação ao mesmo mês do ano anterior. Alta de
2,3% em outubro. A base de comparação é tão baixa que a indústria parece ter
batido no fundo do poço e voltado a subir. Pior, não fica. O problema é que a
recuperação é lenta, e o ano está perdido. A indústria brasileira, hoje, produz
menos do que há dois anos atrás.
A indústria fechará o ano no vermelho. O que
se pode dizer do resultado de outubro é que os setores que receberam subsídios
- como automóveis e linha branca - registraram crescimento. A indústria de
extração mineral também cresceu. Mas a produção de máquinas e equipamentos
continuou em queda. Isso acende uma luz amarela sobre os investimentos do
quarto trimestre, de acordo com o economista José Marcio Camargo, da PUC-Rio:
- O quarto trimestre começou mal para os
investimentos. A produção de máquinas caiu, e como o real está mais fraco,
importar está mais difícil.
Na comparação com setembro, a indústria
cresceu 0,9%. Mas os economistas esperavam alta maior. O Departamento de
Estudos Econômicos do Bradesco, por exemplo, previa 1,7%. O Itaú projetava
1,5%. Há um pedaço da indústria brasileira que não cresce, e outro pedaço que
só cresce com subsídios, via IPI reduzido. O economista Armando Castelar, da
FGV, explica que essa redução é importante para emergências porque antecipa
consumo. Mas não resolve problemas estruturais:
- O IPI reduzido não gera consumo novo, só
antecipa. O que é consumido agora não será depois. A recuperação da indústria é
lenta e para mostrar isso basta dizer que estamos 2% abaixo da produção de
outubro de 2010.
No acumulado do ano, a indústra cai em todas
as categorias de uso. Dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE, 17 estão em queda,
assim como 48 dos 76 subsetores industriais. Quem mais cai, nessa comparação, é
a produção automobilística, 13%.
Ontem o governo anunciou desonerações da
folha de pagamento para a construção civil. Na quinta-feira, deve anunciar o
novo pacote para os portos. Esse excesso de medidas, na visão de Castelar,
acaba tendo o efeito inverso: paralisa a economia.
- Temos uma média de dois pacotes por semana.
Todo mundo precisa voltar a fazer contas e ver o que muda. Isso não ajuda muito
a economia como um todo, porque paralisa as decisões.
O Boletim Focus estima uma queda da produção
industrial este ano em 2,3% e uma alta de 3,8% em 2013. Se acontecer, o
crescimento médio nos dois anos será de 0,7%. É pouco.
Elétricas: recordar é viver
Um dos últimos atos do ex-presidente Lula no
cargo foi renovar por 25 anos a Reserva Global de Reversão. Para quem não sabe,
trata-se de um dos principais encargos da conta de luz. Aconteceu no dia 31 de
dezembro de 2010, um dia antes da posse da presidente Dilma Rousseff. A falta
de planejamento é que incomoda investidores e analistas do setor elétrico.
Naquele ano, o Brasil cresceu 7,5% e reduzir custos industriais não era
prioridade. Agora, as medidas são implementadas às pressas, com perdas para as
companhias.
Internet móvel é desafio
A conta não fecha para as companhias de
telecomunicações no mundo. A internet móvel, com acesso pelo celular, exigirá
investimentos sem que as receitas subam na mesma proporção. A estimativa do
consultor Tiago Monteiro, da A. T. Kearney, é de que o número de usuários de
banda larga móvel no Brasil chegará a 114 milhões até 2015, com crescimento de
22% ao ano. A Oi registra alta de 11% ao mês na contratação do recém-lançado
pacote de dados pré-pagos para celulares, focado nas classes C, D e E.
Fonte: O Globo
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