Julgamento será retomado hoje; Marco Aurélio
quer rever penas
Cálculo. Lewandowski proporá alterar multas
UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA
BRASÍLIA - O revisor do processo do mensalão,
ministro Ricardo Lewandowski, disse ontem que vai propor ao plenário do Supremo
Tribunal Federal (STF) a revisão das multas impostas aos condenados. Na sessão
de hoje, ele vai levar uma tabela com valores máximos e mínimos que acha que
devem ser pagos pelos réus. Ele também vai propor que as multas sejam
proporcionais às penas de prisão. A legislação brasileira não tem parâmetros
para a fixação de multas. Os valores são atribuídos pelo juiz da causa, no
caso, os ministros do STF.
- A minha ideia é fazer com que as multas
sigam os mesmos critérios das penas corporais. Vou procurar aplicar o mesmo
critério - disse o ministro.
Lewandowski disse achar que não houve exagero
nos valores arbitrados. Mas ressaltou a necessidade de fazer ajustes, para que
réus condenados pelos mesmos crimes, nas mesmas circunstâncias, recebam a mesma
pena pecuniária. Há casos desproporcionais, como o de Marcos Valério, operador
do mensalão, que foi apenado com multa menor que a do sócio Ramon Hollerbach.
Valério teve a pena mais alta entre os 25
réus condenados: 40 anos, dois meses e dez dias. Hollerbach pegou 29 anos, sete
meses e 20 dias, ou seja, uma pena mais de dez anos inferior à de Valério. Mas
sua multa é de R$ 2,79 milhões, mais que os R$ 2,72 milhões de Valério.
Há também inconsistências nas penas aplicadas
a Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado, sócios da corretora Bônus Banval, que
lavou dinheiro para o PP. Fischberg foi condenado por lavagem de dinheiro e
Quadrado, por corrupção passiva e lavagem. Apesar de condenado por dois crimes,
Quadrado pegou cinco anos e nove meses de reclusão, enquanto Fischberg,
condenado por apenas um, ficou com cinco anos e dez meses. Fischberg também
teve multa maior: R$ 572 mil, contra R$ 28,6 mil de seu sócio.
Isso ocorreu porque Lewandowski, que em geral
aplicou penas mais baixas do que Joaquim, participou apenas da dosimetria de
Quadrado, uma vez que ele absolvera Fischberg. Sem o relator, predominaram as
penas propostas por Joaquim. Já no caso de Quadrado, Lewandowski participou e
levou a melhor, diminuindo o tempo de pena.
O ministro Marco Aurélio, por sua vez, vai
propor ao plenário uma nova forma de calcular as penas impostas. Para chegar às
penas, os ministros do STF somaram, para cada réu, as penas de cada crime pelos
quais foram condenados. A ideia de Marco Aurélio é pegar a pena maior imposta a
um réu e aumentá-la em uma fração. A forma de calcular levaria a penas mais
brandas.
Fonte: O Globo
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