• Socialista fez a declaração durante a convenção estadual do PSB em Pernambuco
Letícia Lins e Jailton de Carvalho - O Globo
RECIFE - Apesar de dizer que não ia “cuspir no prato”, o pré-candidato do PSB à sucessão presidencial, Eduardo Campos, afirmou neste domingo que não fica “mais num projeto comandado por um bocado de raposas que já roubaram o que tinham que roubar”. E disse que é a única vez, após a redemocratização, que o país está sendo entregue ao sucessor em situação pior do que foi recebido. E afirmou que o o Brasil “vai tirar Dilma porque mudança não se faz com o passado, mas com o futuro”. O socialista fez a declaração durante a convenção da Frente Popular, liderada pelo PSB, e que reúne 21 partidos, naquela que é a maior coligação da história política de Pernambuco.
— Estamos a quatro meses da eleição mais importante da história do Brasil. Por que é a mais importante? Por que depois que o povo elegeu o primeiro Presidente da República, após a democratização, de lá para cá, todos os presidentes que passaram, com acertos e erros, entregaram o país melhor do que receberam. Foi assim com o saudoso Itamar Franco, que entregou a Fernando Henrique, melhor do que tinha recebido. Fernando Henrique, a quem fiz oposição, entregou o país ao Presidente Lula melhor do que recebeu de Itamar Franco. O presidente Lula entregou o país muito melhor do que recebeu de Fernando Henrique à atual presidenta.
Passados quatro anos, é a primeira vez que o país vai ser entregue ao sucessor, pior do que foi recebido. Não vamos jogar fora as coisas boas, não vamos cuspir no prato que comemos — prometeu o ex governador de Pernambuco.
Campos fez um discurso recheado de chavões:
— O que o povo brasileiro deseja hoje não é político que fala difícil e complicado. Não é político que acha que se elege para mandar no povo. Não aquele que só se lembra do povo em dia de eleição. O povo quer político tem humildade, que conhece a nossa realidade, e que sabem tratar o povo, para servir ao povo e não para ser servido pelo povo. Sabemos que esse tempo foi um tempo que a Frente Popular inaugurou em Pernambuco, de serviços prestados ao povo, disse.
A convenção do PSB referendou o nome do ex-secretário da Fazenda, Paulo Câmara, para disputar a sucessão estadual pela Frente Popular, que é liderada pelo PSB, e conta com o apoio de 20 outros partidos, naquela que é tida como a maior coligação da história política do estado. Ao ato, compareceram lideranças conservadoras, que o socialista afirma combater. Marina Silva, sempre ao lado do governador, fez um retrospecto da sua história, explicou porque está ao lado de Eduardo e disse que prováveis alianças, no segundo turno, serão feitas para viabilizar o governo:
— No primeiro, fazemos aliança para ganhar cada homem, cada mulher, cada jovem. No segundo, alianças para governar. O Brasil está estagnado. Com a presidente Dilma, não está indo para frente, está parado. O PSDB já teve sua chance, mas cometeu muitos erros. O PT já teve a sua. Agora é a vez de dar uma nova chance ao Brasil com Eduardo, conclamou Marina Silva. Depois gritou o slogan, pedindo que a militância repetisse: “um passo à frente: Eduardo Presidente”. Lembrou que a aliança com Eduardo é diferenciada, em torno de ideias e não em busca de tempo maior na propaganda eleitoral gratuita na televisão, como fazem muitos partidos:
— Nossa aliança não é feita em cima de estruturas milionárias, mas de ideias, para melhorar a política. É a primeira aliança feita em cima de ideias. Não somos um partido, e não tivemos um só minuto na televisão a oferecer. Os outros partidos já se animaram, e temos cinco conosco. Mas o sexto é o mais poderoso, que é o cidadão brasileiro, disse a ex-senadora.
O candidato à sucessão estadual, Paulo Câmara, prometeu fazer campanha com bons sentimentos, humildade e vontade de fazer o bem. E mesmo ainda desconhecido do grande público, prometeu ganhar a eleição.
— Confio em vocês, vocês confiam em mim, vamos à vitória. Pernambuco está vendo que o ex-governador Eduardo Campos transformou o estado e que o prefeito Geraldo Júlio (PSB) está transformando o Recife. O time está unido, reforçado. É time para fazer gol, e todo mundo vai fazer gol comigo — prometeu.
O Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) não economizou críticas à principal adversária do ex-governador Eduardo Campos. Comparou a seriedade do socialista à de outros ex-governadores pernambucanos. O peemebedista explicou porque a população precisa se unir, para derrotar o PT:
— Essa senhora (a presidente Dilma Rousseff) fez tudo errado, e vai perder a eleição para essa grande figura de homem público que é o ex-governador Eduardo Campos — disse. E pediu que todas as forças se unam para eleger Campos presidente e Câmara governador em Pernambuco.
O Prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), a exemplo de Jarbas, nacionalizou o discurso, ressaltando que o Brasil estagnou no governo Dilma Rousseff:
— O melhor que temos a fazer é eleger Eduardo Campos Presidente do Brasil. Nós sabemos o que ele pode fazer por esse país. O Brasil parou há três anos, e começou a andar para trás. Precisamos tirar lá de Brasília uma presidente que governa de costas para o povo, e que oferece o atraso, a falta de diálogo e o autoritarismo. Eles acham que são os patrões do povo. Mas o povo sabe como se constrói avanços. Vimos essa turma tomando conta do Recife, vimos o que fizeram com a educação, a saúde e com a própria cidade, aqui em Recife. Conseguiram até mexer com a autoestima do povo recifense — disse o prefeito, referindo-se aos seus antecessores do PT. E acrescentou:
— Eles tiraram o Recife dos trilhos, mas vamos botar Pernambuco no rumo, e colocar o Brasil com Eduardo nos trilhos de novo — conclamou Geraldo Júlio.
O deputado federal Raul Henry (PMDB-PE) pediu votos para o candidato a governador, mas também lembrou que a luta é mais ampla:
— O Brasil é recordista em homicídios, estão destruindo o setor elétrico, a Petrobras foi jogada na sarjeta. Precisamos escrever uma nova história no Brasil, com Eduardo Campos, disse o peemebedista, que foi indicado para o cargo pelo Senador Jarbas Vasconcelos, ex adversário de Campos e hoje um dos seus mais veementes cabos eleitorais. Candidato ao Senador, Fernando Bezerra Coelho (PSB) evitou fazer críticas diretas a Dilma, de quem foi Ministro da Integração Nacional, e preferiu fazer um balanço da sua atuação frente 'a pasta e frente 'a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.
A convenção estadual do PSB foi animada por bonecos gigantes, orquestras de frevo e grupos de maracatu.
O som ensurdecedor de vuvuzelas impedia até mesmo que os primeiros oradores fossem ouvidos. O encontro lotou o Clube Português, no bairro do Parque Amorim. O Prefeito do Recife calculou em 20 mil a quantidade de pessoas que compareceram a convenção. Paulo Câmara (PSB) nunca disputou antes eleição e ainda é desconhecido do grande público. Por esse motivo, o evento foi programado para fazer muito barulho e dar visibilidade ao socialista, que foi indicado para a disputa pelo ex-governador e hoje presidenciável Eduardo Campos, presidente nacional do PSB.
Câmara tem o mesmo perfil do Prefeito Geraldo Júlio (PSB), eleito no ano passado, tendo como principal cabo eleitoral o então governador Eduardo Campos. Ele é funcionário de carreira do estado e também nunca tinha disputado uma eleição. Mas contava com a presença permanente do socialista ao seu lado. E em todos os encontros em comunidades, em bairros e nos municípios do interior, ele era apresentado por Campos, em um telão, no qual informava os motivos que o escolhera para disputar a sucessão estadual. Também esteve ao seu lado nos eventos eleitorais mais importantes. Segundo a direção local do PSB, a estratégia do telão para apresentar o candidato deve ser repetida com Câmara, que ainda não é tão conhecido no estado quanto o seu adversário principal, o Senador Armando Monteiro Neto (PTB), que disputa a sucessão estadual com o apoio do ex-presidente Lula, da Presidente Dilma Rousseff e ainda de todo o PTB no estado.
Na noite de sexta, a presidente e o ex-presidente estiveram em Pernambuco, onde participaram de um encontro do PT, em que ratificaram o apoio ao petebista. Disputando a presidência, Campos não poderá estar tão presente em Pernambuco, quanto esteve em Recife para eleger o seu candidato a prefeito. A candidatura de Paulo Câmara reúne 21 partidos, agrupados na Frente Popular de Pernambuco. Além da chapa majoritária, foram referendadas 96 candidaturas à Assembleia Legislativa e e 48 para a Câmara dos Deputados.
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