- Folha de S. Paulo
Se a semana passada acabou com o governo Dilma ensaiando algum protagonismo no noticiário com a escolha de um ministro da Fazenda ortodoxo, o saldo do começo de dezembro é negativo.
O desgaste para aprovar a lei que evita a responsabilização do governo pelo rombo fiscal cobra seu preço. A oposição ganhou um protagonismo que não exercia desde que era capitaneada pelo PT. É curioso ver petistas mandando Aécio Neves sair do palanque, justamente quando ele faz o que se espera de um líder de oposição em democracias ocidentais.
Mas quem realmente está dando uma canseira ao Planalto é o PMDB, esticando ao máximo a corda com seus aliados do "blocão" para garantir mais espaço no governo --o varejo das emendas já foi contemplado, com direito a "Diário Oficial".
O caso Petrobras agregou dramaticidade à cena. Não por acaso, o ministro da Justiça ressuscitou o argumento do "todo mundo faz" da época do mensalão ao comentar o fato de que o PT teve seus cofres abastecidos no ano em que Dilma foi eleita por propinas do esquema.
Há uma diferença entre receber dinheiro legalmente de uma empresa enrolada e ser financiado a partir de um esquema triangulado. Também ainda será melhor analisado por que o PT recebeu R$ 80 milhões em doações num ano não eleitoral, 2013, quase o dobro do que as próximas três siglas no ranking levaram.
Políticos de todas as colorações possíveis tiveram contato com o esquema apurado, isso é claro. Mas apenas um partido ocupava a Presidência e foi citado, com aliados, como parte orgânica da roubalheira.
É sintomático o nervosismo do governo quando alguém cita o termo impeachment, com berros acusando golpismo a rebater sussurros.
Afinal de contas, a ideia por ora é uma provocação, sem base objetiva. Quem planta impeachment hoje, na verdade, espera colher algum tipo de "parlamentarismo branco".
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