• Presidente reage aos adversários, que tentam colar a petista no escândalo da Petrobrás, questionam a legalidade de manobra fiscal feita pelo governo e já falam abertamente em impeachment; vice-presidente e ministro também rebatem tucanos
Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Em meio ao escândalo da Petrobrás e sob ataque da oposição em razão da flexibilização das metas fiscais do País, a presidente Dilma Rousseff defendeu, em discurso de improviso realizado ontem em Brasília, o respeito ao "resultado das urnas" e às "escolhas legítimas da população brasileira".
A afirmação foi feita durante cerimônia de assinatura de convênio com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no Palácio do Planalto. A declaração ao lado do tucano explicita dois rumos que vêm sendo tomados pelos líderes do PSDB em relação ao governo federal petista. Alckmin tem adotado um tom conciliador. Já Aécio Neves, derrotado por Dilma na disputa presidencial, faz uma oposição sem tréguas desde que a eleição foi encerrada, em 26 de outubro.
No discurso de ontem, Dilma lembrou que "é fato que durante a campanha é natural divergir, é natural criticar, é natural disputar", assim como "as temperaturas se elevem", mas reiterou que, passada esta fase, é preciso reconhecer "as escolhas legítimas", já que este é um país que "preza a democracia" e que ela está se aprofundando e "ficando cada vez mais madura".
Em um outro evento em Brasília, o vice-presidente da República, Michel Temer, fez coro com Dilma. "O sujeito perdeu a eleição, ele acha que tem que destruir aquele que foi eleito", afirmou ele, que passou a defender a "harmonia" entre base e oposição. "Interessante como temos no Brasil o conceito de oposição e situação que é político e não jurídico. O conceito jurídico leva, necessariamente, ao apartamento de dois momentos. O eleitoral, em que litigam, controvertem, disputam, se desentendem. Para, passada a eleição, atingir outro momento, político-administrativo, e todos sem exceção irão em busca do bem comum", comentou.
As declarações mais duras partiram do ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, que reagiu às acusações de que dinheiro de propina da Petrobrás abasteceu contas do partido entre 2008 e 2012, conforme delação premiada do executivo Augusto Mendonça, do grupo Toyo Setal. O empresário citou repasses registrados na Justiça Eleitoral, inclusive no ano de 2010, quando Dilma disputou sua primeira eleição.
O executivo disse que essas contribuições oficiais também faziam parte do esquema de pagamentos de comissões das empreiteiras a fim de obter contratos na estatal de petróleo. Além das doações oficiais, ele afirmou que as propinas também eram pagas em dinheiro vivo e por meio de depósitos em contas no exterior. Em razão disso, parte da oposição passou a dizer que o escândalo estava se aproximando da presidente e a possibilidade de impeachment, crescendo. Isso porque, segundo a oposição, o dinheiro da propina pode ter bancado a eleição de Dilma em 2010.
Carvalho afirmou em um evento em Luziânia, em Goiás: "Temos de reagir com muita força. Nós temos uma dignidade, nós governamos esse país há 12 anos, nós estamos mudando as relações econômicas do País. Nós incluímos mais de 40 milhões de brasileiros (retirados da pobreza), não vamos aceitar a pecha de ladrões, de bandidos".
O ministro, que está de saída do governo, fez questão de rebater diretamente Aécio, que em entrevista no início da semana chamou o PT de "organização criminosa". "Nós somos aqueles que, pelo contrário, estão combatendo a corrupção. Ou o dinheiro do doutor Aécio Neves na sua campanha brotou do céu? Ou o dinheiro do financiamento de outros partidos veio da onde?", questionou. "Chega desse tipo de acusação absolutamente irresponsável, tentando jogar na vala um partido que tem uma dignidade, um governo que tem a honestidade e a coragem que eles (oposição) não tiveram." / Colaboraram Eduardo Rodrigues, Nivaldo Souza e Beatriz Bulla
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