Por Andrea Jubé - Valor Econômico
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abre hoje a reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília, com um discurso duro, em que responderá às acusações de desvios contra seus familiares e amigos próximos. Ontem o presidente do PT, Rui Falcão, disse que existe uma "campanha direcionada" para atingir Lula, o partido e a presidente Dilma Rousseff por parte de setores da mídia, da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário. "É nítido isso", afirmou.
A nova etapa da Operação Zelotes, que investiga um esquema de corrupção no Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), vinculado ao Ministério da Fazenda, atingiu a empresa LFT Marketing Esportivo, de Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente. Uma de suas noras - sem especificar qual - também foi implicada em investigação envolvendo o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. O ex-ministro Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula - e é um de seus amigos mais próximos - também foi chamado a prestar esclarecimentos.
Para Falcão, a PF mira um "peixinho", já que a Zelotes investiga esquemas bilionários de sonegação fiscal e a empresa do filho de Lula seria pequena. "Tem um monte de tubarões e correm atrás de um peixinho?", provocou. A LFT teria recebido R$ 2,4 milhões de negócios com um lobista, investigado pela suposta compra de uma medida provisória. Falcão afirma que Lula sofre perseguição política. "Não consideramos que uma perseguição inominável e inexplicável a um de seus filhos (de Lula) suscite desagravo, mas vamos mencionar no documento (final do diretório) essa agressão", afirmou.
O diretório nacional aprovará um documento em defesa de Lula e seu legado. O discurso de Lula será aberto à imprensa - o que não costuma ocorrer - e transmitido ao vivo pela internet. A reunião será ampliada, com a presença dos governadores da sigla, ministros, senadores e deputados federais.
Na área econômica, o PT reforçará as cobranças por mudanças na política econômica, contra o ajuste fiscal. Mas assim como nas resoluções anteriores, o diretório nacional deverá preservar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, alvo das críticas do partido. "A política econômica precisa de mudanças, mas não vamos personificar em ninguém", disse Falcão. Apesar das críticas enfáticas de Lula e de lideranças do PT a Levy, a cúpula petista preserva o nome do ministro dos documentos de conjuntura.
O diretório também vai aprovar um documento sobre as eleições municipais. Falcão disse que a prioridade será a "defesa do PT". Para isso, a sigla lançará o maior número de candidatos a prefeitos e vereadores para ocupar espaços nos meios de comunicação, a fim de multiplicarem os discursos defendendo o partido. "Passado um ano das eleições presidenciais, a oposição - que não soube ganhar e agora não sabe perder - insiste no golpe", disse Falcão.
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