• Presidente do partido fala em ‘desmandos’ feitos em nome da operação e em ‘exageros das delações forçadas’
Sérgio Roxo - O Globo
-SÃO PAULO- O PT divulgou ontem texto de apoio ao manifesto divulgado na semana passada por 105 advogados — muitos deles defensores de réus da Lava-Jato — contra a operação do Ministério Público e da Polícia Federal. Em texto publicado na página do partido na internet e reproduzido nas redes sociais, o presidente do PT, Rui Falcão, diz que “desmandos” vêm sendo preparados em nome da Lava-Jato e que a denúncia apresentada pelos defensores é relevante.
“O combate à corrupção, a corruptos e corruptores, não pode servir à violação de direitos, nem tampouco para fragilizar a democracia, tão duramente conquistada. É preciso vigilância e luta aberta contra este embrião de estado de exceção que ameaça crescer dentro do estado democrático de direito”, escreveu Falcão.
Para o presidente do PT, o fato de o manifesto ser assinado por alguns advogados de presos ou condenados em primeira instância na Lava-Jato “não tira o mérito” da denúncia.
“Somando-se a outro texto já subscrito anteriormente por juízes democráticos, a denúncia alerta para os exageros das delações forçadas, dos vazamentos seletivos de informações, do excesso das prisões preventivas, para a espetacularização dos julgamentos, às restrições ao direito de defesa e ao trabalho dos advogados”, disse Falcão.
O PT já vinha criticando a Lava-Jato antes. Em novembro do ano passado, o partido divulgou uma cartilha de 34 páginas com uma série de ataques aos procuradores e ao juiz Sérgio Moro. No texto, o partido dizia que o “juiz e sua ‘equipe’ de delegados da PF e procuradores do MPF (Ministério Público Federal) do Paraná fazem de tudo (até mesmo anistiar criminosos confessos) para atingir o PT”. Também acusava Moro de ignorar o fato de dirigentes da Petrobras envolvidos em irregularidades trabalharem na estatal desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Três petistas presos
A Lava-Jato já prendeu três petistas. O ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto e o ex-ministro José Dirceu estão detidos em Curitiba. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo da presidente Dilma Rousseff, está preso em Brasília. Vaccari, já condenado a 15 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, é acusado de buscar doações para o partido oriundas de dinheiro desviado da Petrobras. O PT nega as irregularidades.
A operação ainda investiga o o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, que também está preso em Curitiba. Em delações, ele é apontado como intermediário de interesses junto ao Planalto na época de Lula.
No texto de ontem, Falcão reproduz trecho do manifesto dos advogados que fala em “uma atuação judicial arbitrária e absolutista, de todo incompatível com o papel que se espera ver desempenhado por um juiz, na vigência de um estado de direito”.
O presidente do PT ainda classificou as críticas ao manifesto feitas por responsáveis pela operação de “ataques indecorosos”. Acrescentou que a denúncia dos advogados “exige resposta das autoridades”.
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