É fácil ver o quanto o governo Dilma Rousseff (PT) tem-se esforçado, nos últimos dias, para tentar evitar o impeachment. Difícil, contudo, é conceber o que a presidente pretende fazer caso permaneça no Palácio do Planalto.
O Ministério da Saúde, por exemplo, virou simples moeda para comprar apoio no Congresso, como se a pasta fosse desimportante e como se o país não enfrentasse epidemias virais graves –zika, dengue, chikungunya e gripe H1N1.
Tendo em mente apenas o objetivo de salvar a presidente, palacianos também rifam o Ministério da Educação, uma cenoura em tese capaz de atrair o PP –agremiação, não custa lembrar, campeã em aparições na Operação Lava Jato.
Pouco importa que o peemedebista Marcelo Castro (Saúde) e o petista Aloizio Mercadante (Educação) não se confundam com sumidades em suas áreas. Se perderem os cargos que ora ocupam, não terá sido pela falta de bons serviços à nação, e sim como consequência de um loteamento político que afeta mesmo as pastas mais relevantes.
A ausência de escrúpulos, naturalmente, não se manifesta somente no primeiro andar da administração. No segundo e no terceiro escalão, sobram cargos para o governo distribuir a futuros aliados.
Consta que articuladores do PT têm oferecido vagas nos Estados a que pertencem deputados federais de menor visibilidade, sejam integrantes do chamado "baixo clero", sejam parlamentares baseados nos grotões do país.
Dá-se preferência àqueles do Norte e do Nordeste, onde a presidente teve melhor desempenho eleitoral. Imagina-se que congressistas mais distantes das grandes cidades sentirão menos pressão pelo impeachment –movimentos anti-Dilma têm patrulhado políticos que não se juntam à oposição.
A manobra inclui a participação do ex-presidente Lula. No sábado (2), ele se reuniu em Fortaleza com dez integrantes de siglas como Pros, PTN e PDT. O petista também almoçou com governadores do Nordeste e, uma semana antes, encontrou-se com deputados de Alagoas, Pernambuco e Pará.
Pelas contas do governo, trata-se de conquistar cerca de 40 congressistas para chegar a 172 e com isso impedir que a oposição alcance os 342 votos necessários para encaminhar o processo de impeachment ao Senado. Em torno de 150 deputados se dizem indecisos.
O mais provável é que a taxa de indecisão se mantenha elevada até o momento da votação. Ao longo dos próximos dias, portanto, o Planalto fará de tudo para selar novas alianças, aviltando-se mais e mais. Caso sobreviva ao impeachment, o governo Dilma Rousseff sairá desse processo ainda menor.
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