Renan Marra – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Juristas e personalidades do direito realizaram nesta segunda-feira (4) um ato em favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff no largo São Francisco, no centro de São Paulo.
A manifestação foi organizada pelo movimento Juristas pelo Impeachment, formado por alunos e ex-alunos da Faculdade de Direito da USP. Segundo a organização, cerca de 3.000 pessoas participaram do evento em seu pico. A Polícia Militar não divulgou estimativa.
O tom exaltado e as duras críticas ao PT, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma marcaram a manifestação, que teve referências ao petrolão, às pedaladas fiscais e às negociações por cargos.
Segundo Hélio Bicudo, 93, signatário da denúncia de impeachment da presidente da República e um dos mais aplaudidos no evento, nunca houve tanta corrupção na história do país.
"Na minha jornada de quase um século de existência jamais vi tantos desvios e abusos daqueles que se declararam salvadores da pátria", disse. "É preciso dar um basta a todo este descalabro".
Outro signatário do pedido de impeachment em tramitação, Miguel Reale Júnior disse que o governo realizou as pedaladas fiscais apenas para se reeleger, e não para investir em programas sociais. O ex-ministro da Justiça lembrou também da votação do impeachment na Câmara dos Deputados.
"Uma quadrilha tomou conta do país e depois falaram que fizeram as pedaladas fiscais para o Bolsa Família, mas foi por causa da reeleição e afundaram as contas do Brasil por causa disso", disse. "E agora, para se manterem no poder, eles compram votos".
"Os deputados precisam escolher entre o bolso e a honra", completou.
Também signatária do pedido de impeachment, Janaina Paschoal disse que este é o momento de "libertar o país" e fez uma menção indireta ao apelido de "jararaca" com o qual o ex-presidente Lula se referiu.
"Nós queremos libertar o país do cativeiro de almas e mentes. Acabou a República da Cobra. Impeachment já!", disse
O professor de direito Marco de Lucca disse que chegou a fazer um poema ao ex-presidente Lula, mas afirma que hoje se sente traído.
"Não se trata de ser esquerda ou direita. Cheguei a fazer um poema para o Lula na esperança dele melhorar o país. E hoje fui traído. Não aceito ser chamado de 'coxinha'", disse. "Meu apoio incondicional a Sergio Moro."
Antes do ato começar, manifestantes cantaram o hino nacional. Muitos estavam com a bandeira do Brasil.
O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato, foi bastante exaltado pelos manifestantes, que também gritavam também "Nossa bandeira jamais será vermelha", "Fora, PT" e "Lula, cachaceiro, devolve o meu dinheiro".
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