Por Ana Conceição - Valor Econômico
SÃO PAULO - Após a surpresa de setembro, com o IPCA mais baixo para o mês desde 1998 (0,08%), a inflação continua comportada em outubro, ainda beneficiada pela queda dos preços de alguns alimentos, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A desaceleração dos preços nas últimas semanas tem contribuído para melhorar as expectativas para o IPCA deste e do próximo ano e, agora, também promoveu um ajuste para baixo na perspectiva para os juros em 2016.
O boletim semanal Focus, do Banco Central, divulgado ontem, informou que, depois de ter permanecido por oito semanas em 13,75%, a mediana das previsões dos analistas de mercado para a Selic caiu a 13,50%. A taxa básica está atualmente em 14,25%, a mais alta desde 2006. A aposta é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central faça um corte de 0,25 ponto percentual amanhã. Seria o primeiro recuo da Selic em quatro anos. Depois, haveria mais redução de 0,50 ponto na reunião de novembro. Esse ciclo seguiria até setembro de 2012, quando a Selic chegaria a 11%.
Entre os analistas Top 5, os que mais acertam as previsões, a projeção para o juro ao fim de 2016 também caiu de 13,75% para 13,50%. O grupo espera que a taxa Selic termine o próximo ano em 11,25%.
Além da desaceleração da inflação corrente, a queda do preço da gasolina, a fraqueza da atividade, que ainda não deu sinais de retomada, e a aprovação da PEC dos gastos por ampla maioria na Câmara em primeiro turno têm reforçado as apostas em um corte de juro amanhã.
Ainda no Focus, a mediana das estimativas para o IPCA deste ano caiu, pela quinta vez seguida, de 7,04% para 7,01%. A mediana para 2017 segue recuando lentamente, agora de 5,06% para 5,04%, e a previsão em 12 meses cedeu de 5,07% para 5,05%. A gasolina mais barata pode ter contribuído para amenizar as projeções para o IPCA deste ano.
Analistas acreditam só esse fator possa tirar até 0,10 ponto percentual da taxa de 2016. Entre os analistas Top 5, as projeções para a inflação seguiram as mesmas da semana anterior: 7,02% e 5,13% em 2016 e 2017, respectivamente.
Os índices divulgados ontem reforçam essa perspectiva de inflação menor. A FGV informou que a taxa medida em sete capitais pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) cedeu de 0,19% para 0,14% da segunda para a quarta quadrissemana deste mês. Foi um movimento puxado pela queda mais acentuada do grupo alimentação, de 0,01% para 0,15%, em especial laticínios (-4,64%). O IPC-S ainda não considera a queda da gasolina, válida desde sábado. Da mesma forma, o IGP-10 desacelerou de 0,36% em setembro para 0,12% em outubro, com um recuo de 1,07% dos itens agropecuários.
Enquanto as projeções de inflação e juro melhoraram, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 voltou a piorar. A mediana saiu de queda de 3,15% para recuo de 3,19%. Para 2017 ainda se espera crescimento de 1,30%. Os dados ruins já divulgados do terceiro trimestre, como a queda de 3,8% na produção industrial de agosto, têm destoado da melhora das expectativas e podem adiar o início da retomada para o primeiro trimestre de 2017.
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