- O Estado de S. Paulo
Ministro capitaliza a melhora na economia e se fortalece para 2018
Um dos possíveis candidatos à Presidência da República em 2018 do lado da pactuação política que hoje toca os destinos do País está com um sorriso que vai de orelha a orelha. E não é só porque seu sorriso é bastante largo. É pelo contentamento com as circunstâncias que o põem à frente os demais. As coisas, de fato, vão bem para o ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Tão bem que o sonho por tanto tempo acalentado de se tornar candidato e, quem sabe, presidente do Brasil, hoje não é mais intangível.
Se, no momento, Meirelles já pode dizer que o Brasil crescerá alguma coisa no primeiro trimestre, logo, logo, terá condições de afirmar que o País está saindo da recessão, caso a economia continue a seguir a direção que está seguindo: inflação perto da meta, que é de 4,5%, juros rumo a um dígito, risco-País e dólar a níveis anteriores à crise.
A partir do segundo semestre, quando a recuperação do emprego der o sinal da graça, como já se calcula, Meirelles poderá escanchar ainda mais o seu amplo sorriso. Aparecerá praticamente sozinho na condição de pai do ajuste fiscal que levou a uma virada na economia.
Curioso é que, se vier a se tornar candidato a presidente da República em 2018, Meirelles fará uma espécie de acerto de contas com o presidente Michel Temer. O candidato do ex-presidente Lula a vice na chapa de Dilma Rousseff, em 2010, era Henrique Meirelles, que chegou a se filiar ao PMDB à espera do convite. Acontece que Temer, presidente do partido, com muito mais tempo de estrada, muito mais aliados internos, muito mais influente, não deu a mínima chance para Meirelles. Agarrou a vaga. Percebendo que jamais romperia aquelas barreiras levantadas por Temer, Meirelles contentou-se em ficar à frente do Banco Central.
Descontente com o tratamento recebido no PMDB, Meirelles saiu do partido de Temer. Transferiu-se para o PSD de Gilberto Kassab, atual ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações.
Em 2014, Temer tornou-se novamente candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff. Ambos foram reeleitos. Vieram as crises política e econômica. Lula indicou o nome de Meirelles para a Fazenda. Não foi atendido. Com o processo de impeachment, Temer percebeu que chegaria à Presidência. Deu início à montagem do Ministério, mesmo informalmente. Indagou Meirelles se o País tinha saída. Como resposta, ouviu que sim. Desde que houvesse um ajuste fiscal de emergência e corte nos gastos públicos.
Contra Meirelles diz-se que ele não tem experiência política nem sabe desatar os nós naturais dessa atividade. Pode ser. Mas que ele tem aprendido, isso ele tem. Por exemplo: Meirelles está capitalizando como ninguém a notícia mais positiva produzida pelo governo até agora, que é a liberação do saque das contas inativas do FGTS. Mas a iniciativa não foi dele.
Em dezembro, Temer chamou a equipe econômica ao Planalto. Queria ideias para dar uma sacudida rápida na economia. O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, sugeriu a liberação das contas inativas do FGTS. Disse que cerca de R$ 30 bilhões entrariam na economia (sabe-se agora que as contas acumulam o montante de R$ 43 bilhões). Meirelles disse ser contra, porque poderia comprometer o crédito para a construção civil.
Temer concordou. “Também acho isso. A Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC) é nossa apoiadora e pode entender que a liberação vai causar problemas para o setor da construção civil.” Dyogo Oliveira insistiu. Lembrou que existem outros R$ 77 bilhões para o financiamento habitacional no FGTS, estes das contas ativas.
Nova reunião foi feita em janeiro. Desta vez, aprovou-se a liberação do dinheiro das contas inativas. Para todos os efeitos políticos, uma ideia de Meirelles.
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