- Folha de S. Paulo
Grandes amigos de Lula e do PT dizem que o ex-presidente confirmou a candidatura em 2018, o que vinha ficando evidente desde janeiro, no Congresso da CUT.
Para petistas e companheiros de viagem, a candidatura faz parte de um plano de duas cabeças. Sem Lula 2018, aumentariam as chances de condenação ou até prisão do ex-presidente. Sem a candidatura, não haveria alternativa viável de esquerda, menos ainda para o PT.
Evitar a condenação de Lula seria, pois, o projeto de sobrevivência da esquerda —e vice-versa.
A estratégia também parece óbvia, talvez inevitável para um partido que não vai se dedicar a anos do que seria uma incerta renovação de fundo.
Um projeto de refundação seria ainda mais inviável, dizem petistas e companheiros, porque não seria possível em meio à luta pela sobrevivência. O objetivo do "bloco no poder", de Brasília a Curitiba, seria destruir o PT em termos políticos e legais, até a cassação de seu registro.
Ou seja, o PT não vai mudar.
Ao menos não vai fazê-lo com base em algum acerto de contas com seu passado.
Em fevereiro, Lula convocou a militância a "levantar a cabeça", a "ter orgulho" e a participar das eleições de dirigentes para o 6º Congresso do PT, marcado para junho, que deve renovar a direção do partido.
"2017 deve ser o ano de a gente recuperar a imagem do partido e de a gente defender o legado do partido que mais fez política social neste país", dizia Lula em vídeo de fevereiro.
No final do mês, o movimento queremista, "queremos Lula", tomou a forma de mais um "manifesto de intelectuais" pela candidatura luliana, campanha que vai às ruas a partir da semana que vem.
Há notícias de que o partido teria já elementos de um programa econômico. Na verdade, Lula junta sugestões e ouve gentes variadas a fim de elaborar alguma plataforma mais substantiva, um dos meios de bater no governo de Michel Temer, em especial na reforma da Previdência.
Por ora, não há nada organizado, afora o mote "crescimento", nem mesmo debate econômico além das inanidades insanas que o partido sugeriu a Dilma Rousseff faz um ano, o que, aliás, ajudou a acelerar a ruína do governo.
O partido mesmo está um salseiro, evidente no conflito a respeito do apoio à eleição de Rodrigo Maia a presidente da Câmara. É muito improvável que Lula dirija o PT. Talvez fique em algum cargo honorífico, algo assim, no máximo.
São minoritários os grupos que sugerem uma "autocrítica", da política econômica à corrupção, embora haja críticos "à esquerda" dos anos lulianos de governo, raros, porém.
Amigos de Lula dizem que ele quer "pensar adiante". Estaria cansado mesmo da história do "golpe", "que não vai convencer quase ninguém a votar na gente", diz um petista que afirma ecoar Lula.
Há quem diga, no entanto, que a candidatura é o elemento principal da "resistência democrática" contra o "desmonte social" e o "autoritarismo montante".
"Nunca, nunca, este país precisou tanto do PT como precisa agora", diz Lula na convocação da militância "de corpo e alma", "petista ideológico: "Pode ter igual, mas neste país não tem ninguém melhor do que nós, não tem nenhum partido melhor do que o nosso, e não tem nenhum partido que fez pelo Brasil o que nós já fizemos".
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