Arthur Maia, contudo, admitiu que o governo e parlamentares favoráveis à reforma estão perdendo 'a guerra da comunicação' sobre o tema
Eduardo Rodrigues, Igor Gadelha, Célia Froufe | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O relator da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados Arthur Maia (PPS-BA), disse nesta quinta-feira, 16, não ser influenciado pelas várias manifestações contrárias à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, mas admitiu que o governo e os parlamentares favoráveis à reforma estão perdendo “a guerra da comunicação” sobre o tema.
Arthur Maia acusou grupos contrários à PEC de propagarem mentiras de maneira repetida, o que, segundo ele, é uma "prática nazista". "A batalha da comunicação tem que ser travada e a grande trincheira são as redes sociais. Precisamos acabar com as mentiras de que os brasileiros não conseguirão se aposentar ou terão que trabalhar 49 anos para isso", afirmou.
Para ele, a Previdência é um assunto que precisa ser tratado com menos discursos políticos e mais seriedade. "Não sou influenciado por manifestações. A reforma da Previdência não vai ser impedida no grito. Quem quiser debater com seriedade e respeito pode me procurar que estou disposto ao diálogo", completou.
O relator prometeu apresentar seu parecer na primeira semana de abril, ao final do período de audiências públicas na Comissão Especial na Câmara dos Deputados. Mas, sem citar o governo, ele pediu calma a quem tem cobrado celeridade na aprovação da reforma e reforçou a necessidade de que o rito do Congresso e o processo de negociação entre os parlamentares seja respeitado.
Em Frankfurt, na Alemanha, onde participou da Conferência do Instituto Internacional de Finanças (IIF) sobre o G-20, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, previu ontem que a Reforma da Previdência será aprovada pela Câmara até maio - a expectativa inicial é que o aval dos parlamentares seja concedido em abril, mas ele já considerou a possibilidade de alguma necessidade de postergação.
A aprovação no Senado, conforme Meirelles, deve se dar no início do segundo semestre deste ano, considerando que se trata de uma casa com menos parlamentares e que, portanto, os trâmites tendem a ser mais rápidos.
Acusações. Arthur Maia virou alvo ontem de um deputado petista do mesmo Estado, Robinson Almeida, que pediu o seu afastamento da relatoria da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287. Ele entrou com uma representação na Corregedoria da Câmara alegando que Arthur Maia não teria os requisitos da impessoalidade e da moralidade para relatar a matéria.
Na representação, Almeida afirma que uma das empresas do relator, um posto de gasolina no município Serra do Ramalho, no interior da Bahia, deve R$ 150 mil à Previdência Social. Além de ser devedor da Previdência, disse o petista, Maia teve como doador de campanha em 2014 o Bradesco Vida, "uma seguradora de previdência interessada na reforma".
Arthur Maia rebateu chamando Almeida de "inexpressivo" e fingiu não conhecer o deputado. "Trata-se de um trigésimo suplente da Bahia, que o povo rejeitou nas urnas e que eu nem sabia que era deputado. Ele quer ter cinco minutos de fama, mas não será às minhas custas", respondeu.
Sobre as acusações, o relator alegou não haver nenhuma incompatibilidade para exercer seu trabalho com a PEC. O deputado garantiu nunca ter favorecido nenhuma das empresas que fizeram doações às suas campanhas, que ele ressaltou serem legais. E sobre a dívida da empresa, o deputado afirmou que não a administra e informou que o débito está sendo pago em dia, de maneira que o saldo remanescente seria menor que R$ 150 mil.
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