Marqueteiro nega qualquer contradição em depoimento dele e da mulher, Monica Moura
Mariana Sanches e Sérgio Roxo | O Globo
SÃO PAULO - Contrariando seu próprio “compromisso” de restringir ao âmbito da Justiça declarações sobre sua delação premiada, o marqueteiro João Santana quebrou o silêncio em que estava desde sua prisão e divulgou nesta quarta-feira nota repudiando a entrevista do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo ao GLOBO.
Classificando a entrevista de Cardozo como “grotesca e absurda”, Santana negou haver qualquer contradição nos depoimentos de colaboração dele e de sua mulher, Monica Moura. O marqueteiro sustenta que soube, pela ex-presidente Dilma Rouseff, que “a prisão seria iminente” e reafirmou a versão de que se comunicava por e-mail com senha compartilhada com a ex-presidente Dilma Rousseff e que teria sido por meio de uma mensagem que ele e a mulher tinham sido alertados da operação contra ambos. Na entrevista ao GLOBO, Cardozo, ministro da Justiça de Dilma, negou ter repassado informações da Operação Lava-Jato à ex-presidente.
“Apenas para ficar em dois indícios não devidamente noticiados: se não estivéssemos sendo informados da iminência da prisão, porque chamaríamos, na sexta, 19 de fevereiro, o nosso então advogado, Fabio Tofic, para que viesse às pressas a S. Domingo?”, diz João. “ Por que cancelaríamos nosso retorno ao Brasil, dias antes, com passagem comprada e com reserva já confirmada?”, questiona João.
O marqueteiro também reputa declarações de Cardozo, que disse ser “inverossímil” as informações dos marqueteiros de que Dilma recebeu caixa 2 fora do Brasil. “João Santana recebeu R$ 70 milhões declarados por uma campanha eleitoral. É muito dinheiro para ter esse caixa 2”, disse o ex-ministro da Justiça.
João contesta:
“Com relação ao Caixa-2, o advogado Cardozo insiste também na versão surrada expressa a mim, desde 2015, pela presidente Dilma (...). Este argumento não se sustenta para qualquer pessoa que conheça os altos custos e a realidade interna das campanhas”, afirma..
Segundo João, Cardozo disse na entrevista, “de forma enviesada”, que haveria um espécie de acordo tácito entre ele e Marcelo Odebrecht para misturar caixa dois das campanhas do exterior com a campanha de Dilma.
“É uma mentira deslavada: nos nossos depoimentos está bem discriminado o que são campanhas do exterior e campanhas do Brasil”, afirmou João.
“De forma cínica diz que não houve caixa dois nas campanhas de 2010 e 2014. Pra cima de mim, José Eduardo?”.
Na nota João diz que as únicas vezes em que mentiu sobre a presidente Dilma - e “isso já faz algum tempo - foi para defendê-la”. “Jamais para acusá-la”. O marqueteiro lamentou ainda “por tudo que ela, Mônica e eu estamos passando”.
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