A pressa em julgar a ação da chapa Dilma-Temer no TSE desaparece com essa bomba
- O Estado de S.Paulo
Na minha coluna de ontem, informei que a mudança de estratégia da defesa de Michel Temer no processo de cassação da chapa em que era vice de Dilma Rousseff se devia a duas razões: de um lado, a percepção de que haveria um placar favorável à tese de separação das responsabilidades de ambos pela campanha, e, de outro, a ideia de “tirar o problema da frente” dado o temor com o que estaria por vir nas delações premiadas de Joesley Batista e demais executivos do grupo JBS.
Havia informações de interlocutores do presidente de que o conteúdo desses acordos de colaboração implicaria não apenas o peemedebista quanto seu entorno político e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Não levou 24 horas para que o colunista Lauro Jardim revelasse que Joesley gravou o próprio Temer, em março deste ano, negociando o pagamento para comprar o silêncio de Eduardo Cunha — que, preso em Curitiba, desde sempre tem mandado ameaças veladas a Brasília.
A pressa em julgar a ação no TSE desaparece imediatamente com a nova bomba. A certeza de um placar de 5 a 2 pró-Temer rui diante da nova circunstância.
Nem o dispositivo constitucional que preservava Temer de ser investigado pelas acusações de ter negociado recursos de campanha pelo caixa 2 em 2010 e 2014 pode salvá-lo agora: trata-se do presidente da República, já investido do cargo, em sua residência oficial, flagrado em plena obstrução à Justiça.
A nota oficial divulgada pela Presidência da República, negando as acusações, pode servir para agravar a situação de Temer: se flagrado mentindo diante da possível divulgação do teor da gravação, mais um elemento pode fomentar um esperado pedido de impeachment do presidente.
A delação da JBS, que fere de morte também o presidente do PSDB, Aécio Neves, deve paralisar ainda as reformas e provocar uma quebra da incipiente retomada da economia e da confiança no governo.
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