- O Globo
Nos últimos dias, Temer abriu saco de bondades, o que pode ter sido aposta para melhorar popularidade ou iminência de denúncia
Temer já sabia que seria vítima de um petardo. Há 15 dias, um sussurro começou a rondar a Esplanada dos Ministérios: uma bomba cairia sobre o presidente Michel Temer. Começou a surgir então todo o tipo de especulação, mas nenhuma na dimensão relatada ontem pelo colunista Lauro Jardim.
Os primeiros sinais de que algo de grave estava por acontecer vieram de alguns gabinetes do próprio Supremo Tribunal Federal. Pareciam mais insinuações do que informações. Cochichos aqui e acolá: reuniões permanentes entre a presidente do Supremo, a ministra Cármen Lúcia, e o relator da Lava-Jato, Edson Fachin, quebravam a rotina da Corte. Discretíssima, a presidente do STF permanecia, como é de seu costume, fechada em copas. Como ninguém é de ferro, certo dia, ela deixou escapar para um colega: “Não estou conseguindo dormir”. Nada mais foi dito, nada mais foi-lhe perguntado. E, se fosse, Cármen Lúcia certamente não responderia.
Finalmente, na última sexta-feira, um ministro de Estado desabafou que sabia que estava vindo um petardo na direção do Palácio do Planalto e que, como o presidente da República, que também já tinha conhecimento disso, desconhecia o conteúdo e de onde viria essa bomba.
— Estamos tateando no escuro — disse o ministro, acrescentando que o próprio presidente Temer não tinha ainda a dimensão do estrago que isso causaria ao governo. Mas sabia que, de pronto, poderia comprometer as votações da reforma em curso.
Um observador da movimentação do governo reparou que o presidente Temer, nos últimos dias, começou a investir pesado na conquista do apoio dos chamados setores representativos da sociedade, anunciando sacos de bondades para diversos setores produtivos. Especulava-se que, com isso, tentava sair do um dígito de popularidade, mas, agora, com a revelação de Lauro Jardim, percebe-se que ele já estava procurando boias no escuro, com a luz da lanterna dos afogados.
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