Ex-diretor de Serviços declarou ao juiz Moro que 'doutor Antonio’ (Palocci) foi encarregado pelo ex-presidente 'para cuidar do assunto’
Luiz Vassallo, Valmar Hupsel Filho e Ricardo Brandt | O Estado de S. Paulo
O ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque revelou nesta sexta-feira, 5, que o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda-Casa Civil/Governos Lula e DIlma) ‘gerenciava’ as propinas para o ex-presidente Lula no âmbito de contratos da Petrobrás. Duque detalhou acertos referentes a contratos da Sete Brasil com estaleiros, que rendiam propinas à diretoria da Petrobrás e ao PT – especificamente Lula, José Dirceu e João Vaccari Neto, segundo ele.
O depoimento foi dado no âmbito de ação penal contra Palocci, ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância.
Segundo Duque, a propina oriunda de contratos para a construção de sondas de exploração do pré-sal era repartida entre agentes da Petrobrás e foi negociada pelo ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Os acertos teriam sido feitos em 2012, também supostamente com a participação do então tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
“Barusco volta e diz para Vaccari que fechou com os estaleiros a participação de 1% em todos os contratos. Sendo que Keppel e Jurong tinha fechado 0,9%. E ele propôs nessa ocasião uma divisão ao estilo que ele praticou na engenharia de 0,5% para Casa e metade para o partido”.
‘Casa’ é como ficou conhecido o grupo de dirigentes da Petrobrás contemplado com propinas.
De acordo com o ex-diretor de Serviços da estatal, João Vaccari Neto tratava diretamente sobre os valores com o ‘doutor Antônio’ [Antonio Palocci], ‘porque Lula havia ‘encarregado Palocci para cuidar do assunto’.
“Vaccari vai, tem essa conversa, retoma e diz: ‘Olha, a posição é de um terço para a ‘Casa’ e ‘dois terços’ para o partido. Aí o Barusco disse que isso era injusto e reclamou. Eu intervi e disse: ‘Calma, você pode ser tirado daí e ficar com zero, melhor não reclamar’. Ficou certo um terço para ‘Casa’ e dois terços para o PT”, afirmou.
O codinome ‘Casa 1’ era referente aos diretores da Petrobrás, que, àquela época, era representada por Renato Duque. ‘Casa 2’ é o apelido para os servidores da Sete Brasil, detentora do contrato, e tinha como referência Eduardo Musa, Pedro Barusco e João Ferraz.
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