Vera Rosa / O Estado de S.Paulo
Mesmo fora da disputa, o apresentador de TV Luciano Huck pôs mais fogo no “caldeirão” das eleições. Ao decidir não concorrer à Presidência da República, Huck se transformou, de uma hora para outra, no candidato que “foi sem nunca ter sido” a renovação na política. Agora, todos os partidos estão atrás do seu espólio, mas quem mais comemorou sua negativa de entrar no páreo foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Nos últimos dias, Huck foi elogiado várias vezes pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem a candidatura dele seria “boa para o Brasil” e botaria “em perigo” a política tradicional. Com os comentários, FHC praticamente rifou Alckmin, pré-candidato à sucessão de Michel Temer.
O alvoroço em torno de Huck foi tanto que até o Palácio do Planalto já jogava confete na direção do apresentador, em um jogo de cena para provocar aliados “rebeldes”, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ensaia voo solo na disputa ao Planalto e tenta isolar o MDB.
Assediado por inúmeras legendas, Huck já havia encomendado pesquisas de intenção de voto, montado um time de “conselheiros” de campanha e estava em negociações para se filiar ao PPS de Roberto Freire. Sem poder contar com ele, o PPS tende a apoiar justamente Alckmin.
Na avaliação de tucanos próximos ao governador, a entrada de Huck na corrida prejudicaria qualquer candidato de “centro” porque arrastaria partidos que poderiam reforçar a aliança com esse espectro político.
Apesar do entusiasmo da ala alckmista, porém, nada garante que os possíveis votos do apresentador migrem para o atual ocupante do Palácio dos Bandeirantes. Analistas de pesquisas dizem que o eleitorado de Huck é mais popular e deve se dividir entre candidatos mais à esquerda, entre os quais o ex-presidente Lula ou seu indicado – caso ele seja barrado pela Ficha Limpa –, Marina Silva e Ciro Gomes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário