Por Vandson Lima | Valor Econômico
BRASÍLIA- Responsável pela formulação do programa econômico de pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, o economista Persio Arida pregou a necessidade de que o próximo presidente faça uma política fiscal dura, que permita zerar o déficit público em, no máximo, dois anos.
Em reunião da Executiva tucana ontem, em Brasília, Arida foi apresentado a parlamentares da do PSDB junto com Luiz Felipe d'Avila, que ficará responsável pela comunicação; e Lula Guimarães, que fará a estratégia de campanha. A continuidade da linha reformista adotada pelo governo do presidente Michel Temer foi vista com bons olhos pelos participantes. Já a formalização de uma aliança com o MDB, segundo interlocutores de Alckmin, está mais complicada.
A reunião foi fechada. Segundo participantes, Arida falou da necessidade de investir em uma agenda de desburocratização, privatizações, abertura econômica e mudanças constitucionais que permitam melhor manejo do orçamento.
Ele ainda não apresentou a proposta, adiantada por Alckmin, para dobrar a renda do brasileiro em um período determinado. Arida deixou o encontro sem falar com a imprensa. "Vamos estabelecer em quantos anos dobrará a renda do brasileiro. Obviamente não será em um mandato [de quatro anos]", afirmou Alckmin.
Já o déficit, contou o pré-candidato, tem urgência. "Zerar o déficit não pode gastar nem meio mandato". E garantiu de ter meios para alcançar o objetivo. "Em São Paulo, atravessei toda a crise com superávit. Nós sabemos fazer isso", assegurou.
Na avaliação do circulo próximo de Alckmin, a aproximação com Temer "esfriou" nos últimos dias. A aliança ainda pode ocorrer, mas ficou menos provável.
Segundo duas fontes ouvidas pelo Valor, Alckmin se irritou e atribuiu ao Palácio do Planalto o vazamento da informação de que ele entrou em contato telefônico com o presidente, na semana passada, para marcarem "um café". "Era início de namoro, uma coisa cuidadosa, e o Temer espalhou pros jornais. Inadmissível. Alckmin ficou muito bravo", atestou um interlocutor.
Tanto é que, apesar de estar em Brasília, Alckmin não havia marcado o referido encontro com Temer. Despachou na sede do PSDB pela manhã, comandou à tarde a reunião da Executiva em um hotel e, à noite, participaria do jantar anual da Associação de Transporte de Cargas e Logística.
Questionado, assegurou que não havia, de fato, agenda prevista com o presidente. "Vou no jantar e amanhã embarco no primeiro voo a São Paulo".
Sobre a possibilidade de defender o legado de Temer, Alckmin disse: "Isto não está colocado neste momento. O que defendo é falar do futuro, esperança. Estamos fazendo conversas com partidos que não terão candidatos".
Num chiste, Alckmin acabou explicitando a distância que há neste momento dele e do MDB ao falar do ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MS), que cobrou a defesa das realizações da gestão Temer como contrapartida à aliança. "Tenho grande apreço pelo Marun. Meu vizinho. Só o que nos separa é o Rio Paraná", sorriu, lembrando o rio que separa os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
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