Sim, no passado movimentava-se mais dinheiro. É que o baixo clero voa abaixo do radar
Sempre achei que o objeto da
advocacia fosse o estudo das leis e de seus adendos, emendas, petições, parágrafos
e ab-rogações. Estava enganado. Nenhum advogado hoje irá longe sem um pós-doc
na investigação de contratos, saques, depósitos, transferências e transações
financeiras em geral, especialmente as ilícitas. Um ramo dessa disciplina é o
que tenta entender por que os praticantes de tais operações tanto se casam e
descasam entre si e não param de fazer negócios uns com os outros.
Depois do intenso trabalho
de desmonte dos trânsitos milionários do PT e de outros partidos com
empresas e governos, é a vez de um mergulho em águas igualmente
turvas: os rolos da família Bolsonaro. Os Bolsonaros legítimos não passam
de meia-dúzia, compreendendo o titular, seus filhos e suas atuais mulheres,
mas, em 30 anos de ação nos gabinetes oficiais, arrolaram um histórico de
práticas e de associados que está levando a Justiça à loucura.
É uma infernal ciranda de
dinheiro originário da compra e venda de imóveis, depósitos fora do expediente, lojas de chocolate e salários de assessores que triplicavam ou
se reduziam à metade, protagonizados por funcionários invisíveis que se
revezavam passando dois ou três meses em cada cargo e um turbilhão de mulheres,
ex-mulheres, filhas, noras, ex-noras e até vendedoras de açaí, todos aparentemente
comandados por um homem que só pode ser um gênio da administração: Fabrício Queiroz.
Outra característica é a de
que, exceto pelos cheques mágicos na conta da primeira-dama,
tudo era feito em dinheiro vivo, transportado para cima e
para baixo não se sabe se em envelopes, valises ou malas. Nem o governo Temer
foi tão ativo nessa arte.
Os adeptos dos Bolsonaros
alegam que, agora, acabou a farra de dinheiro do passado. De fato, os
Bolsonaros parecem movimentar menos grana. O baixo clero, por definição, voa
abaixo do radar.
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