Solidariedade.
É disso que mais precisamos.
A
tragédia humanitária e sanitária em que estamos mergulhados nos confronta com
uma crise ética e civilizacional de igual gravidade. Estamos todos perdendo com
a negligência criminosa do governo. Mas quem tem dinheiro acha que pode contornar
a demora na imunização passando à frente dos que deveriam estar em
primeiro lugar: profissionais de saúde, idosos e quem tem comorbidades.
No
começo deste mês, soube-se que clínicas privadas negociavam diretamente com uma
farmacêutica na Índia a compra de vacinas, alegando tratar-se de ação
complementar ao SUS. Agora, a coluna Painel informa que grandes corporações
negociam com o Ministério da Saúde a compra de doses no exterior.
Do
ponto de vista ético, a generosidade de Albert Sabin deveria ser o nosso norte
neste momento. O cientista renunciou aos direitos de patente da gotinha contra
a poliomielite, o que permitiu proteger milhões de crianças no mundo inteiro.
Solidariedade. É disso que mais precisamos.
Não
se trata de demonizar o setor privado, que pode ajudar de muitas outras formas,
como em logística, armazenamento e transporte. Desde que suas ações reforcem a
política pública e não concorram com ela. As empresas não confiam na capacidade
do governo federal? Procurem os governos estaduais, que podem e devem mobilizar
suas estruturas e capilaridade.
Contra
o coronavírus, já temos vacinas. Precisamos, desesperadamente, de um antídoto
contra a barbárie.
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