Alta de preços de combustíveis e de energia
ameaça chances de reeleição de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro rifou o seu
“ministro-almirante” de Minas e Energia, Bento Albuquerque, na noite da véspera
do anúncio pelo IBGE da inflação fechada de abril. O IPCA fechou o mês com alta
de 1,06%, e taxa acumulada em 12 meses atingindo 12,13%. Não é mera
coincidência. A fotografia atual mostra também Bolsonaro parando de crescer nas
pesquisas e o seu adversário nas eleições, Lula da Silva, mantendo a vantagem.
Os bolsonaristas estavam animados com a recente diminuição da distância entre o
presidente e Lula, mas esse avanço não prosperou como esperavam.
A crise de energia, com a alta dos preços
de combustíveis e das tarifas de energia elétrica, ameaça os planos da
reeleição.
O presidente fez a demissão e surpreendeu
meio mundo, inclusive aliados, com a publicação no Diário Oficial da União na
manhã de ontem. Sinal de que, desta vez, ao contrário das duas escolhas para o
comando da Petrobras, ouviu poucas pessoas e acabou descartando mais um
ministro do grupo dos militares.
A manobra foi conduzida num momento de ameaças renovadas de greve dos caminhoneiros após a alta do diesel. A troca deu um nó na cabeça de quem tenta entender os sinais desse movimento com a escolha de um auxiliar de Paulo Guedes, Adolfo Sachsida, que “dia sim, dia não” repete o mantra da necessidade de avançar nas políticas de reformas pró-mercado num ambiente de consolidação fiscal.
Afinal, Sachsida vai rasgar todo esse
receituário para intervir nos preços e ajudar a diminuir a inflação?
A resposta pode estar na confiança que o
presidente parece depositar nele, que também vinha sendo apontado nos
bastidores como um dos nomes que trabalhariam na plataforma de governo para um
segundo mandato do presidente.
Sem ser da área de energia, precisará
ganhar credibilidade dentro do próprio setor, que está pagando para ver se esse
papo todo de pró-mercado é para valer. Sachsida tentará conciliar: com uma
perna no discurso do mantra político pró-reforma e outra amparada no chão para
atender Bolsonaro e buscar a reeleição. É o que já fez na equipe econômica ao
patrocinar medidas de injeção de recursos e crédito que podem impedir um tombo
maior da economia neste ano de eleição.
Em entrevista recente ao Estadão, o novo
ministro disse que o governo daria a resposta para a reeleição dentro de campo.
Que ninguém duvide de que ele será um dos maiores aliados para o presidente chegar
lá com chances de vitória.
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