Folha de S. Paulo
Com Bolsonaro investigado, parlamentares da
extrema direita assumem o trabalho da mentira
Como doença insidiosa, o plano autocrata de Bolsonaro foi se infiltrando aos
poucos nas instituições. Dentro do governo, no Congresso, nas Forças Armadas,
nos órgãos do Judiciário (inclusive o STF), na PGR, nas polícias de maneira
geral, nas agências de inteligência e fiscalização, nas administrações
estaduais e municipais aliadas, nos meios de comunicação. Pode-se dizer que foi
uma ação constante e sem alarde, tentando manter uma aparência de normalidade
republicana —a famosa "moderação". Era o fascismo (ainda)
envergonhado.
O segundo mandato completaria o processo. Como a sociedade e as próprias instituições sob ataque reagiram e a reeleição não veio, apesar das tentativas de manipulação do voto, encenou-se o enredo golpista às claras, culminando com a invasão e depredação dos prédios dos três Poderes, a intentona bolsonarista de 8/1, hoje negada pelos terraplanistas.
Em um só lugar, Bolsonaro foi sincero,
jamais escondendo suas reais intenções. Desde a campanha eleitoral de 2018, ele
considera as mídias sociais uma terra de ninguém. Um campo onde brota tudo com
o qual o ex-presidente se identifica. A mentira em primeiro lugar, ao lado do
racismo, da homofobia, do negacionismo científico, dos discursos de ódio, da
violação de direitos humanos. Sem falar nos conteúdos ilegais e perigosos que,
não controlados pelas plataformas, incentivam atentados nas escolas.
Sob efeito de morfina ou não, estando ele a falar no
cercadinho do Alvorada para os membros robotizados da seita ou no salão do palácio
diante do corpo diplomático internacional, as cargas de Bolsonaro contra a
democracia foram pensadas na repercussão que alcançariam na internet.
Atualmente o celular do capitão anda com a
bateria fraca. O trabalho sujo está com os parlamentares que, em consórcio com
as big techs, usam a influência no mundo digital para boicotar o PL que regula as redes.
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