DEU EM O GLOBO
Enviado por Thamyres Dias, de Paraty*
- Eu não posso me comparar a Maquiavel. Eu fui um príncipe, ele não.
Dono da frase acima, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi recebido com aplausos na chegada ao debate que travou com o escritor Salman Rushdie sobre "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel, no início da tarde desta quinta-feira, na Casa dos Clássicos, montada pela editora Companhia das Letras em Paraty. "O Príncipe" é um dos títulos que a editora está lançando pelo selo Penguin/Companhia das Letras, e traz um prefácio assinado por FH.
Mediado pela antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, o debate começou com uma contextualização da obra do escritor italiano, que FH e Rushdie consideram um dos nomes mais injustiçados pelo tempo e pela história.
- Maquiavel sofreu um tratamento injusto de pessoas que acharam que ele estava recomendando atitudes quando, na verdade, ele apenas observava alguns aspectos políticos da época - afirmou Rushdie. - O ponto chave do livro é a preocupação do autor em compreender se um homem poderoso pode ou não ser bom.
Outro erro cometido contra Maquiavel, segundo FH, seria a utilização de excertos de sua obra em contextos que modifiquem seu significado. Sem conseguir evitar a comparação, o ex-presidente negou a autoria da polêmica frase "esqueçam tudo o que escrevi", atribuída a ele.
- No meu caso essa confusão foi uma questão política, eu nunca disse isso. Já no caso de Maquiavel é diferente. Existe uma má interpretação de trechos de sua obra - disse ele.
No encerramento da discussão, Rushdie e FH criticaram a separação entre real e imaginário como forma de observar a sociedade. Para ambos, mesmo na política, é preciso primeiro imaginar o real para depois materializar essa realidade.
- Às vezes, o próprio homem público não sabe o que quer, vai ao psicanalista, ao padre para tentar descobrir. Se ele não consegue imaginar o que espera fazer e se não constrói um link entre esse pensamento e a realidade, não chega a lugar algum - observou FH.
Enviado por Thamyres Dias, de Paraty*
- Eu não posso me comparar a Maquiavel. Eu fui um príncipe, ele não.
Dono da frase acima, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi recebido com aplausos na chegada ao debate que travou com o escritor Salman Rushdie sobre "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel, no início da tarde desta quinta-feira, na Casa dos Clássicos, montada pela editora Companhia das Letras em Paraty. "O Príncipe" é um dos títulos que a editora está lançando pelo selo Penguin/Companhia das Letras, e traz um prefácio assinado por FH.
Mediado pela antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, o debate começou com uma contextualização da obra do escritor italiano, que FH e Rushdie consideram um dos nomes mais injustiçados pelo tempo e pela história.
- Maquiavel sofreu um tratamento injusto de pessoas que acharam que ele estava recomendando atitudes quando, na verdade, ele apenas observava alguns aspectos políticos da época - afirmou Rushdie. - O ponto chave do livro é a preocupação do autor em compreender se um homem poderoso pode ou não ser bom.
Outro erro cometido contra Maquiavel, segundo FH, seria a utilização de excertos de sua obra em contextos que modifiquem seu significado. Sem conseguir evitar a comparação, o ex-presidente negou a autoria da polêmica frase "esqueçam tudo o que escrevi", atribuída a ele.
- No meu caso essa confusão foi uma questão política, eu nunca disse isso. Já no caso de Maquiavel é diferente. Existe uma má interpretação de trechos de sua obra - disse ele.
No encerramento da discussão, Rushdie e FH criticaram a separação entre real e imaginário como forma de observar a sociedade. Para ambos, mesmo na política, é preciso primeiro imaginar o real para depois materializar essa realidade.
- Às vezes, o próprio homem público não sabe o que quer, vai ao psicanalista, ao padre para tentar descobrir. Se ele não consegue imaginar o que espera fazer e se não constrói um link entre esse pensamento e a realidade, não chega a lugar algum - observou FH.
*Thamyres Dias faz parte do programa de estágio Boa Chance, do jornal O GLOBO
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