DEU NA FOLHA DE S. PAULO
A conferência do clima de Cancún (México) terminou ontem com decisões que resolvem pendências deixadas pela de Copenhague.
A conferência do clima de Cancún (México) terminou ontem com decisões que resolvem pendências deixadas pela de Copenhague.
Elas incluem a criação de fundo de até US$ 100 bilhões para combater mudanças climáticas nos países em desenvolvimento, relatam os enviados Claudio Angelo e Marcelo Leite.
Países criam fundo bilionário do clima
Nações em desenvolvimento receberão até US$ 100 bi ao ano em 2020, diz texto final da cúpula de Cancún
Metas para reduzir as emissões, porém, ainda são modestas, e nada se decidiu sobre prorrogar o Protocolo de Kyoto
Claudio Angelo e Marcelo Leite
Enviados especiais a Cancún
A conferência do clima de Cancún terminou às 3h30 da madrugada de ontem com bate-boca diplomático, aplausos e um fundo bilionário, os Acordos de Cancún, que resolvem as pendências deixadas há um ano pela reunião de Copenhague.
Porém, a proteção efetiva da atmosfera, com um acordo internacional com peso de lei, ficou para o futuro.
O mundo pós-Cancún continua no rumo de chegar a 2020 emitindo até 9 bilhões de toneladas de CO2 a mais do que poderia, o que anularia as chances de manter o aquecimento global abaixo do nível seguro de 2ºC.
FUNDO E FLORESTA
Entre as principais decisões tomadas em Cancún está a criação do Fundo Verde do Clima, que financiará ações de adaptação e combate à mudança climática nos países em desenvolvimento.
O fundo se beneficiará de duas promessas feitas em Copenhague: US$ 28 bilhões a curto prazo (parte do dinheiro já está sendo oferecido, e os repasses seguem até 2012) e um valor maior a longo prazo, que deve chegar a US$ 100 bilhões por ano em 2020.
Também foi finalmente acordado um mecanismo para compensar os países tropicais pela redução do desmatamento, o Redd+.
Como o desmatamento responde por cerca de 15% das emissões globais, o Redd+ deverá ser uma medida de mitigação do efeito estufa barata e eficaz.
A única delegação que tentou barrar o Redd+ em Cancún foi a da Bolívia -o país de Evo Morales acredita que o mercado global de carbono estimula o capitalismo. O país bloqueou a reunião.
A presidente da COP-16, a chanceler mexicana Patrícia Espinosa, resolveu a questão declarando o consenso por atingido. A Bolívia chamou a manobra de "atentado às regras da convenção".
"A regra de consenso não significa unanimidade, nem que uma delegação possa impor se impor sobre a vontade das outras", disse Espinosa. Foi aplaudida.
Espinosa não foi a única a ganhar palmas. Todd Stern, negociador dos EUA, também foi aplaudido. "Vamos fechar este acordo e colocar o mundo na direção de um futuro sustentável e de baixo carbono", disse.
A venezuelana Claudia Salerno, cuja obstrução no ano passado levou Copenhague a pique, também mudou de atitude e apoiou o acordo -contra a aliada Bolívia.
"Meu país está inundado e eu agora posso voltar para casa dizendo que tenho alguma coisa", afirmou.
KYOTO PARA DEPOIS
Muitas decisões importantes, porém, foram simplesmente postergadas.
A principal diz respeito à sequência do Protocolo de Kyoto, devido à resistência de Japão, Rússia e Canadá. O acordo fala apenas em evitar um hiato na proteção ao clima após 2012, quando Kyoto expira, mas nenhum país fica obrigado a nada.
Houve, portanto, alguma insatisfação com o texto final. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que daria nota 7,5 aos Acordos de Cancún.
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