A presidente Dilma
Rousseff vai participar de comício do candidato petista à Prefeitura de São
Paulo, Fernando Haddad, na noite de segunda-feira, em Guaianases, na zona
leste. Dilma cedeu aos apelos de Lula, que vai concentrar esforços na cidade na
última semana de campanha, para tentar levar Haddad ao segundo turno. Pesquisas
de intenção de voto indicam que a situação do petista é de empate técnico com
José Serra (PSDB). Celso Russomanno (PRB) lidera. Mesmo sem citar nomes, Dilma
pretende rebater no palanque os ataques de Serra, para quem a presidente não
deveria "meter o bico" em São Paulo. Ele se juntará a Lula nas
críticas ao PSDB, que tenta vincular Haddad aos réus do mensalão. O senador
Aécio Neves (PSDB-MG) disse ontem que, ao defender réus do mensalão, Lula age
como "líder de facção"
Dilma cede a Lula e
vai a palanque de Haddad
A pedido de padrinho, presidente decide ir a comício para revidar ataques de
tucanos
Vera Rosa, Bruno Lupion, Pedro da Rocha e Ricardo Chapola
A presidente Dilma Rousseff entrará na campanha paulistana para ajudar o
candidato do PT à Prefeitura, Fernando Haddad. Depois de muitas conversas, ela
cedeu ao apelo do padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, e vai participar
do último comício de Haddad, na noite de segunda-feira, em Guaianases, na zona
leste.
O plano de Lula é concentrar esforços em São Paulo na última semana de
campanha, na tentativa de levar Haddad ao segundo turno. As últimas pesquisas
de intenção de voto indicam empate técnico entre o petista e o tucano José
Serra - Celso Russomanno (PRB) está na liderança.
O Estado apurou que, mesmo sem citar nomes, Dilma pretende rebater no
palanque os ataques de Serra, para quem a presidente não deveria "meter o
bico" em São Paulo. Ela se juntará a Lula nas críticas feitas desde
anteontem ao PSDB, que tenta vincular Haddad aos réus do mensalão (leia na pág.
A9).
Dilma não queria, inicialmente, subir no palanque de nenhum candidato do PT
em capitais nas quais a base do governo estivesse dividida. Embora seja o caso
de São Paulo, a presidente foi convencida de que sua presença ao lado de Lula e
Haddad pode ajudar a desempatar o jogo a favor do PT. O PRB de Russomanno e o
PMDB de Gabriel Chalita - em quarto lugar na corrida - integram a base do
governo Dilma.
Tática. O local do último comício de Haddad é um tradicional reduto do PT
que acabou sendo "invadido" por Russomanno. No palanque montado nas
imediações da Cohab José Bonifácio, em Guaianases, Dilma e Lula seguirão a
estratégia traçada pelo comando da campanha de mostrar que Haddad tem padrinhos
e projetos.
A estratégia é vincular o ex-ministro a programas para combater a pobreza.
Na TV o mote continuará o mesmo: quem ajudou os pobres no Brasil pode fazer o
mesmo em São Paulo.
O alvo dos próximos dias de campanha de Haddad é a periferia, principalmente
a zona leste, onde Russomanno lidera as pesquisas com mais folga. O PT
organizou 20 carreatas para o fim de semana. Hoje, Lula participará de comícios
em São Miguel Paulista e Cidade Tiradentes.
Ontem, em Paraisópolis, zona sul, Haddad reagiu à propaganda de Russomanno,
que o ligou à taxa do lixo e disse que o petista está "desesperado".
Foi o primeiro ataque da campanha do PRB ao adversário. "Não se trata de
críticas pessoais, mas de debate de propostas", disse Haddad, que tem
atacado a ideia de Russomanno de cobrar tarifa proporcional de ônibus.
Russomanno disse ontem, em Marsilac, no extremo sul, que é "vítima de
ataques" de todos os lados e que, por isso, gravou uma propaganda de TV
para se defender das críticas.
"Tumulto". Em caminhada pela Mooca, bairro da zona leste onde
nasceu e cresceu, Serra discutiu com um jornalista e chamou-o de "sem
vergonha". A assessoria do tucano afirmou em nota que o repórter foi
"enviado pelo PT para tumultuar a coletiva de imprensa".
Serra falava sobre a proposta de criar um sistema municipal de ensino
técnico. "Quando eu era criança, aqui na Mooca, tudo o que eu queria era
fazer um curso técnico ou profissionalizante, porque era um curso que virava
emprego", disse o candidato. "Essa é minha ideia, o que me veio à
cabeça", completou.
O repórter da Rede Brasil Atual - grupo multimídia mantido por sindicatos
filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) - perguntou: "A ideia
veio agora à sua cabeça ou é do seu programa de governo?". Serra
questionou em qual veículo o jornalista trabalhava. A primeira resposta foi
"não interessa".
O tucano retomou a entrevista, mas começou a se afastar dos jornalistas
quando um integrante do programa humorístico CQC voltou a tratar de programa de
governo. O repórter da Rede Brasil Atual perguntou se o tucano só respondia a
questões que lhe interessavam, e Serra disse: "Eu não respondo perguntas
de sem vergonha".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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