Cada cidadão deverá gastar R$ 1.525,25 neste ano só para comer em casa, aponta o IBGE
Alimentação ficou 13,86% mais cara em um ano, quase o triplo a inflação
SÃO PAULO - A alimentação no lar deve produzir uma receita de R$ 250 bilhões em 2013. De acordo com projeções do Pyxis Consumo, ferramenta de dimensionamento de mercado do Ibope Inteligência, cada brasileiro deverá gastar R$ 1.525,25 com alimentação no domicílio até o fim do ano. Entre as classes sociais, a C será a maior compradora de alimentos no ano, com gastos estimados em R$ 120,824 bilhões, 48,25% do total. A classe B fica na sequência, com um consumo estimado em R$ 79,025 bilhões ou 31,56% do total.
A classe D/E está em terceiro, com uma receita de R$ 34,688 bilhões ou 13,85% do total. Na análise por região, os consumidores do Sudeste farão as maiores compras para a alimentação no lar, com quase metade do projetado para o país (R$ 121,680 bilhões), seguindo pelas Regiões Nordeste (20,89% ou R$ 52,3 bilhões) e Sul (15,57% ou R$ 38,997 bilhões). "Apesar do maior consumo no Sudeste, a Região Sul é a que apresenta o maior gasto por habitante, de R$ 1.656,11, enquanto no Sudeste o valor é de R$ 1.061,51, e no Centro-Oeste, de R$ 1.598,06", anunciou o Pyxis Consumo, em nota.
Já na avaliação por classe e região, a classe C do Sudeste lidera com consumo estimado em R$ 57,282 bilhões para 2013. A classe B, também do Sudeste, aparece em seguida, com R$ 44,110 bilhões. A Região Norte apresenta o menor potencial de consumo, com exceção das classes D/E. Nestas classes, o menor potencial é no Centro-Oeste.
Pressão na inflação. A alta dos preços dos alimentos continua sendo um dos grandes vilões da inflação. Em Belo Horizonte e região, a alimentação já ficou 13,86% mais cara em um ano. Essa variação é quase três vezes maior do que a inflação acumulada entre maio de 2012 e abril de 2013, quando o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Ipead/UFMG, atingiu 5,76%.
Dos tipos que compõem o item, a alimentação na residência variou 0,46% em um mês e 16,04% em doze meses, enquanto a alimentação fora de casa aumentou 1,31%, com alta acumulada de 11,20% em um ano. Já a alimentação in natura aumentou 1,84%, acumulando alta de 43,35% em doze meses. Só nos primeiros meses deste ano, o aumento já é de 33,26%.
O Ipead/UFMG apurou que os alimentos subiram acima da inflação em todas as comparações. Em abril, o IPCA foi de 0,49% e a variação dos alimentos foi de 0,83%. Nos quatro primeiros meses de 2013 os índices foram de 5,50% 3,19%, respectivamente.
Remédios também têm reajustes
Os medicamentos vendidos nas drogarias de Belo Horizonte são encontrados com uma diferença de preço que chega a 251,6%, na comparação entre remédios de referência e genéricos, segundo levantamento feito pelo Procon Assembleia em treze estabelecimentos e com 166 produtos. Por exemplo, o medicamento com princípio ativo Atenol/Atenolol, de 50mg, conforme verificado em uma drogaria, custa R$ 35,13, se consultado o preço do medicamento de referência, enquanto o genérico custa mais de três vezes menos, R$ 9,99.
Foi apurado pelo Procon também aumento de até 43,77% em um ano no preço do medicamento. Caso de um antivirótico do laboratório Cimed, que em 2012 custava em média R$ 8,43 e, em abril de 2013, passou para R$ 12,12. Em contrapartida, medicamentos como o analgésico com a substância ativa paracetamol, do laboratório Teuto, ficou 32,62% mais barato.
Ambev e BRF reclamam
A disparada dos preços dos alimentos, que cresceram nos últimos 12 meses num ritmo duas vezes superior à inflação, afetou as vendas de comida e bebidas na indústria e no varejo nos primeiros meses deste ano. Duas gigantes do setor, a BRF, que produz alimentos industrializados, e a Ambev, fabricante de cervejas, sentiram dificuldade para vender os produtos no mercado doméstico no 1º trimestre deste ano e culparam a inflação por isso. "Estamos em boa condição no momento, mas preocupados porque o mercado interno está com grande dificuldade de absorver volumes", disse o diretor-presidente BRF, José Antonio do Prado Fay. De toda forma, no 1º trimestre deste ano a receita com vendas domésticas somou R$ 4,069 bilhões, com alta de 4% ante o mesmo período de 2012.
A Ambev já registrou queda de 7,1% nas vendas de cerveja no 1º trimestre, na comparação anual. Segundo o diretor- geral, João Castro Neves, a inflação de alimentos e a desaceleração do crescimento da renda disponível do consumidor foram apontadas como os principais fatores para o mau momento do consumo de bebidas. O recuo captado pela indústria já se traduziu em números para o varejo. Pesquisa do instituto Nielsen aponta o volume de vendas de uma cesta composta por 130 categorias de produtos caiu 1,6% no período.
Fonte: O Tempo (MG)
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