Ricardo Della Coletta – O Estado de S. Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar o vácuo político deixado pela presidente Dilma Rousseff, em viagem oficial aos Estados Unidos, e negociará com líderes do Congresso saídas para a crise política agravada pela delação do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC.
Em Brasília hoje, Lula terá conversas reservadas com parlamentares do PT. Aliados do ex-presidente esperam uma nova rodada de críticas a Dilma no encontro. Lula considera o governo "letárgico" e "apático" diante das recentes denúncias de irregularidades e que o partido não pode ter a mesma postura.
"Ele tem se queixado que não há um petista que suba à tribuna para defender o partido. Não há ninguém criticando os excessos da Lava Jato", afirma uma fonte do partido. A estratégia de Lula, no entanto, enfrenta resistências, uma vez que aliados não querem se desgastar perante a opinião pública, já refratária ao partido.
Outro ponto que tem incomodado o ex-presidente é o fato de Dilma ter limitado a influência dos ministros Jaques Wagner (Defesa) e Ricardo Berzoini (Comunicações) no núcleo duro de tomada de decisões do Planalto. Em outra frente, Lula deve cobrar nova agenda do PT no Legislativo.
Segundo interlocutores, ele considera que a sigla precisa pensar no "pós-ajuste fiscal" e defender avanços alcançados nos governos petistas. Um dos alvos é o Plano Nacional de Educação (PNE), que, segundo Lula tem dito a petistas, precisa ganhar amplo destaque na pauta do parti do no Congresso.
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