• Em agosto, foram eliminados 33 mil postos com carteira assinada. Mas setor industrial contratou 6.200
Manoel Ventura* - O Globo
O país fechou, em agosto, 33.953 postos de trabalho com carteira assinada. É o 17º mês consecutivo em que o mercado de trabalho brasileiro demite mais do que contrata. Apesar de os números ainda serem negativos, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, indicam uma recuperação nos índices de emprego no Brasil, com uma desaceleração no corte das vagas. E, pela primeira vez desde fevereiro de 2015, a indústria de transformação abriu postos de trabalho, com a geração de 6,2 mil empregos com carteira assinada.
Os números da indústria foram puxados pelas contratações de fabricantes de alimentos, ligada à produção de açúcar no Nordeste, e nos segmentos calçadista e têxtil. Além da indústria de transformação, a extrativa mineral e o comércio também geraram vagas em agosto: 366 e 888 postos, respectivamente. Mesmo assim, com o saldo negativo do mês passado, o país amargou a perda de 2,17 milhões de vagas com carteira nos últimos 17 meses.
— O resultado foi negativo pelo 17º mês seguido. Mas foi bem menos que nos meses anteriores e já mostra um comportamento diferente. Até julho, o resultado era negativo, mas ainda era generalizado. Em agosto, foi negativo, mas não generalizado, com setores importantes registrando aumento de vagas — disse o coordenador de estatística do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães.
Estado do Rio tem o pior desempenho
Para ele, não é possível fazer previsões de quando o país voltará a gerar vagas de trabalho:
— A tendência é de uma melhora até outubro e dezembro. Quando que o resultado positivo virá, é difícil dizer.
Apesar do ritmo menor das demissões neste ano, entre janeiro e agosto já foram fechadas 651.288 vagas, considerando dados ajustados. Tratase do pior resultado do acumulado do ano desde o início da série histórica do Ministério do Trabalho, iniciada em 2002. Até então, o pior desempenho para o período entre janeiro e agosto havia sido registrado no ano passado, quando foram fechadas 572.792 vagas com carteira assinada.
O Ministério do Trabalho informou também que, nos últimos doze meses, foi registrado o corte de 1,65 milhão de vagas com carteira assinada. O último mês com contratações acima das demissões foi março do ano passado, quando foram criados 19,2 mil postos de trabalho.
Entre os setores da atividade econômica, segundo os números do governo, os que registraram as maiores perdas de emprego foram a construção civil, com o fechamento de 22,1 mil postos, a agricultura, com 15,4 trabalhadores a menos. Também caiu o nível de emprego no setor de serviços (menos 3 mil vagas).
Segundo o Ministério do Trabalho, em agosto, três das cinco regiões do país registraram queda no nível de emprego formal. A região que apresentou maior perda de postos de trabalho foi o Sudeste, com menos 50 mil postos. Seguida pelo Centro-Oeste, com menos 2,5 mil vagas, e o Norte, com menos 1,8 mil postos com carteira assinada. Os saldos positivos do emprego aparecem nas regiões Nordeste (+19.403 postos) e Sul (+1.857 postos).
O Estado do Rio registrou a maior perda de empregos com carteira assinada. Em agosto, foram fechados em todo o estado 28,3 mil vagas de trabalho. Os números foram influenciados pelos setores de comércio e administração de imóveis e serviços de alojamento e alimentação. A data coincide com o fim das Olimpíadas. Também houve perda de vagas em Minas Gerais (-13.121), devido ao fim do ciclo de produção de café, e Espírito Santo (-4.862).
Entre os estados, 13 apresentaram aumento de vagas formais. O destaque foi para Pernambuco (9.035), impulsionado pelo desempenho positivo da indústria de produtos alimentícios. Paraíba registrou a criação de 5.905 postos de trabalho, seguida de Alagoas (4.099) e Santa Catarina (3.014).
(*) Estagiário, sob supervisão de Eliane Oliveira
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