- Folha de S. Paulo
O Datafolha mostra que nove entre dez brasileiros agradecem, em primeiro lugar, a Deus pelo sucesso financeiro. Claro que a prosperidade depende sempre de cada um e da economia como um todo, mas o sentimento de gratidão revelado pela pesquisa me leva a refletir sobre o tema neste Natal.
Sem entrar no mérito das respostas da pesquisa, o ato de agradecer, seja lá quem for, é algo que deveria ser cultivado por todos. Gratidão gera gratidão. Daí que agradecer até a quem não é totalmente responsável por nosso sucesso já é um bom caminho. Mal, com certeza, não faz.
Por isso agradeço a todos, Deus inclusive, que fizeram de 2016, período tão desafiador, um tempo de conquistas forjadas por mim. E que finda de forma especial por causa de seres especiais que estiveram e chegaram ao longo deste ano maluco, que parecia não querer acabar.
Saindo do campo pessoal e indo para o da política, a arte da gratidão nesta seara não é algo muito comum. Em nome de projetos pessoais, o que mais acontece são gestos de ingratidão. Abandona-se amanhã o aliado de hoje com uma naturalidade muito assustadora.
Não por outro motivo costuma-se aconselhar aos governantes que não levem para o poder seus amigos. Exatamente porque, em tempos de crise, não devem ser poupados. O projeto de poder sempre em primeiro lugar. Nada mais cruel.
Por sinal, o tipo de gratidão mais praticado na política não é nada recomendável e, até que enfim, tem gerado prisões. É o dando que se recebe, o toma-lá-dá-cá, a doação em troca de contratos superfaturados em estatais e órgãos federais.
Resultado: nesta reta final de ano os gabinetes de Brasília foram tomados por um temor de prisão, nunca antes tão real e possível, diante da delação da empreiteira Odebrecht.
Aí está algo que o brasileiro deve agradecer neste ano: a Operação Lava Jato. Vida longa a ela, para desespero do mundo da política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário