- Folha de S. Paulo
Nenhum deles pode se considerar um semideus isento a questionamentos mundanos
O que os juízes Sergio Moro e Marcelo Bretas fizeram pelo país é de tal forma impagável que beira o acinte questioná-los sobre recebimento de auxílio-moradia mesmo tendo ambos um belo teto próprio para lhes proteger da chuva.
Troque os personagens por Lula, o auxílio-moradia por mimos de empreiteiras e pronto: teremos o mesmo argumento disparatado para apreciar.
Não foi adequada a reação dos dois magistrados à revelação de que recebem mensalmente R$ 4.378 para moradia, mesmo que nem de longe precisem da tal ajuda.
Por maiores que sejam os méritos de um e de outro, nenhum deles pode se considerar um semideus isento a questionamentos mundanos.
Bretas mora em casa no Rio de Janeiro que já foi tema de revista de arquitetura e design, com vista para o Pão de Açúcar.
Após o "Painel" revelar que ele ingressou na Justiça para receber o auxílio mesmo sendo casado com uma juíza que já recebia o valor situação vedada pelo Conselho Nacional de Justiça o juiz ironizou, nas redes sociais: disse ter a estranha mania de lutar por seus direitos em vez de ficar choramingando pelos cantos.
O casal tem salário mensal, somado, de R$ 58 mil. Mais R$ 8.756 de auxílio-moradia.
A reação de Moro à revelação da repórter Ana Luiza Albuquerque não foi irônica, mas é igualmente refratária. O xerife da Lava Jato diz que a ajuda, embora discutível, compensa a falta de reajuste salarial dos juízes federais. Assim como Bretas e a mulher, ele ganha R$ 28.948.
Moro e Bretas não são exceções, pelo contrário: fazem exatamente o que praticamente toda a magistratura tem feito desde que o ministro do STF Luiz Fux liberou o pagamento quase indiscriminado do auxílio a magistrados de todo o Brasil.
O que espanta é integrantes do Judiciário assumirem sem nenhuma vergonha que usam há três anos um jeitinho para engordar os seus já volumosos contracheques.
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