Folha de S. Paulo
Minions vão às ruas protestar contra uma
tecnologia que deu certo
O voto impresso,
exaltado pela seita bolsonarista, é a porta de entrada para retrocessos muito
mais pesados. Deve ser barrado pelo Congresso, mas a sua discussão é uma
pequena amostra do mundo distópico e reacionário sonhado pelos minions. O
Brasil seria uma mistura de perda de direitos individuais, falta de empatia, desigualdade,
violência e mau gosto.
Um lugar cheio de gente de "bem",
defensora da "família", que expulsa filho homossexual de casa, obriga
filha a abortar em clínica clandestina, enquanto chama feminista de puta. Para
esse pessoal, criança pode apanhar, pode trabalhar, mas educação sexual nem
pensar.
No lugar da cultura, teríamos exaltada a ignorância. Armas mais baratas e livros mais caros. Museus queimados, artistas demonizados, teatros abandonados. Saem as manifestações populares, entram os passeios de motos movidas a testosterona vencida. Liberdade de expressão só para quem passa pano para rachadinha e para perseguir jornalistas.
Só "gente de bem", que reclama de
corrupção, mas suborna guarda de trânsito, compra vacina falsificada, faz racha
de carro, dirige embriagada, não usa máscara, dá carteirada e quer ser chamada
de doutora. Adeus cotas, coisa de "gente preguiçosa". Tchau igualdade
de gênero, palavra que será banida dos dicionários e das conversas. Mulher de
valor é submissa, pelo que andei lendo.
No país dos bozoafetivos, bandido bom é
bandido morto, menos empresário bolsonarista sonegador, militar que recebeu
auxílio emergencial e a familícia. Quem não estiver contente que vá para Cuba
ou que se acostume a comer leite condensado no café da manhã, vestindo calça de
tactel e chinelo rider.
Primeiro foi a cloroquina e o remédio para
piolho, agora são as urnas eletrônicas. Quase 600 mil mortes são detalhe. Os
minions vão às ruas protestar contra uma tecnologia que deu certo, a favor de
um governo que é todo errado. E de mau gosto.
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