Folha de S. Paulo
Bolsonaro é o maior caroço dessa história
Antes tão falante e hoje tão escondido,
Bolsonaro deverá prestar depoimento na Polícia Federal nesta quarta-feira (26).
Ele é investigado como autor intelectual da intentona de 8/1. No início de
abril, o Datafolha apontou que 58% dos eleitores brasileiros acreditam que o
ex-presidente teve algum grau de responsabilidade na invasão aos prédios dos
três Poderes. Desses, 32% veem
muita culpa, e 26%, um pouco.
Três dias depois do terror, Bolsonaro —que viajou para os EUA na véspera da posse de Lula sem cumprir o rito de passar a faixa presidencial — continuava a pôr lenha na fogueira. Compartilhou em suas redes sociais um vídeo com novas mentiras sobre as eleições; em seguida, apagou o conteúdo para não se comprometer. Sua fragilidade emocional era menos a ressaca pela derrota nas urnas que o desapontamento por não ter tido mais apoio na hora de dar o golpe.
As ações da Operação
Lesa Pátria, da PF, identificaram e prenderam participantes, financiadores
e incentivadores dos atos. (Cá para nós, eu pensava que o número de mercadores
religiosos envolvidos fosse bem maior.) No STF, ministros formaram maioria para
tornar réus 100 denunciados pela PGR. O voto de Alexandre de Moraes apontou
para a relação entre as provas reunidas sobre os autores intelectuais e as
coletadas em duas investigações relatadas por ele: os inquéritos das fake news
e das milícias digitais.
A divulgação das imagens em que o general
Gonçalves Dias e outros militares do GSI aparecem durante a invasão do Palácio
do Planalto evidencia que ainda falta pescar alguns caroços dentro do angu. E
sobretudo pegar o cozinheiro maior.
Vem aí o espetáculo da CPMI.
De um lado, a defesa da tese terraplanista, segundo a qual um movimento
pacífico de protesto sofreu infiltração da esquerda. De outro, a tentativa de
convocar e quebrar os sigilos de Bolsonaro. Transmitida ao vivo, a fuzarca
promete.
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