O Estado de S. Paulo
Bolsonaro dirá à PF que não teve nada a ver com o 8/1, mas CPI pode mostrar o contrário
Estão marcados para amanhã dois fatos que
terão muita audiência e impacto neste 2023, já tão conturbado. Quiseram as
circunstâncias, ou os astros, que a leitura do requerimento da CPI do 8/1 fosse
no mesmo dia do depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro à Polícia Federal
sobre os atos golpistas.
A CPI nasce sob tensão do governo Lula, animação dos bolsonaristas e incerteza sobre resultados, mas não há dúvida quanto ao depoimento de Bolsonaro: uma mentira daqui, outra dali e ele não viu nada, não sabe de nada. Fatos, porém, são fatos. CPIs trabalham com fatos.
Desde sempre, o capitão, político,
candidato e presidente Jair Bolsonaro sonhou com golpes de Estado. Quando
jovem, saiu do Exército pela porta dos fundos, depois de escapar por pouco de
uma condenação por um croqui de prédios militares que seriam alvo de atentados.
Em duas décadas como deputado, Bolsonaro
homenageou o brasileiro Brilhante Ustra, o chileno Pinochet e o paraguaio
Stroessner, perversos e sanguinários, enquanto defendia o fuzilamento de
Fernando Henrique e lamentava que a ditadura militar tivesse matado “pouco”.
Já presidente, produziu uma profusão de
provas contra ele não só na pandemia, mas nas ameaças à democracia: atos contra
o Supremo, inclusive com o QG do Exército ao fundo ou sobrevoo em helicóptero
militar; ele avisando que descumpriria decisão judicial, a família falando em
fechar o STF e o ministro da Educação pregando prisão dos ministros da Corte;
ataques às eleições e às urnas eletrônicas, até em transmissão ao vivo com
dezenas de embaixadores estrangeiros.
E há o ex-ministro da Justiça Anderson
Torres, que manteve em casa uma minuta de golpe contra o TSE, destacou a
inteligência do ministério para mapear onde Lula foi vitorioso no primeiro
turno, foi à Bahia articular o bloqueio de eleitores petistas às urnas,
desvirtuou a PRF como jamais se vira e acabou no governo do DF para… “cuidar da
segurança” dos três Poderes. Ele faria isso tudo sem o chefe mandar, ou
autorizar?
Torres adiou seu depoimento, mas Bolsonaro
mantém o dele, com as atenções voltadas para a CPI e para montanhas de vídeos,
áudios, fotos e depoimentos, de civis e militares, comprovando que quem
articulou, financiou, convocou, invadiu e depredou Planalto, Congresso e STF em
8/1 foram bolsonaristas.
Como eles farão para negar os fatos e impor
a falsa versão de que os atentados foram “coisa do PT”? Isso cola nas redes
bolsonaristas, mas na CPI não vai ser fácil assim. Apesar disso, Lula e governo
devem ficar espertos. Quem é golpista sempre será. E capaz de tudo.
Um comentário:
Eu nem consigo acreditar!
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