O Estado de S. Paulo
Como as Forças Armadas disseram ‘não’, Bolsonaro recorreu aos EUA para o golpe. Haja patriotismo!
O ex-presidente Jair
Bolsonaro e seus filhos não desistem de dar um golpe no Brasil. Como as Forças
Armadas não embarcaram na aventura em 2023, eles recorreram a Donald Trump, que
é presidente dos Estados Unidos e se acha imperador do mundo, para terminar o
serviço. “Cuidado com o andor, porque o santo é de barro”, segundo o ditado.
Pois o andor “Deus, Pátria e Família” ruiu e foram todos parar na lama da
História.
Eduardo Bolsonaro dizia, sem ruborizar, que “bastavam um cabo e um soldado para fechar o Supremo”. Seu pai assumiu a Presidência e escalou, não cabos e soldados, mas sim generais, almirantes e brigadeiros, para lacrar as instituições e a democracia brasileira. As cúpulas militares não caíram na esparrela e, agora, a família põe uma potência estrangeira acima das Forças Armadas. Haja patriotismo!
Fora do Exército, o capitão
passou a vida fazendo apologia da ditadura e de mortes de adversários e, como
presidente, usou “CPFs” das três Forças para o golpe e uma tropa de arruaceiros
para acampar nos quartéis e vandalizar os três Poderes. Em vão. E lá se foram
os Bolsonaro provocar Trump para jogar seus mísseis contra a soberania, a
democracia, indústrias e empregos do Brasil.
A sucessão de absurdos é
estarrecedora. Como o presidente de um país...
...Manda uma carta pública
ao presidente de outro país, exigindo que interrompa “imediatamente” o processo
contra um réu por tentativa de golpe? E a soberania? A independência entre
Poderes?
...Recorre a uma falsa
“emergência” para aplicar uma lei feita para terroristas, organizações
criminosas e corruptos contra um ministro do STF?
...Justifica o uso dessa lei
com mentiras e ataques à democracia brasileira? A Human Rights Watch e a
Transparência Internacional defenderam o Brasil, onde há democracia e o direito
à manifestação é livre – desde que não para apologia de crimes e golpes.
...Se mete em questões
internas, enquanto atenta contra as leis dos EUA, confronta o Judiciário, nega
cidadania a nascidos no país, persegue universidades e estudantes contrários ao
genocídio em Gaza, tortura estrangeiros? Quem é Trump para falar de democracia?
...Usa um decreto sem pé nem cabeça para impor o tarifaço ao Brasil, sem argumentos comerciais e citando Bolsonaro e Paulo Figueiredo, neto do último general da ditadura e denunciado na tentativa de golpe? O mais assustador, porém, é um ex-presidente, um deputado desertor e um imigrante brasileiro estarem por trás desse ataque dos EUA ao Brasil e aos brasileiros. Nada é mais abjeto e detestável do que trair a Pátria. Talvez, só a tortura, que Bolsonaro tanto defende.
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