Folha de S. Paulo
Tarcísio de Freitas nega a pretensão de
disputar a Presidência, mas alimenta com gestos a especulação
No folclore da política, corre uma história
sobre um ex-presidente a respeito do qual havia boatos acerca de um namoro com
bela senhora ocupante de alta função na República. Consultado, o mandatário
negou, mas aconselhou: "Espalhem, fico lisonjeado".
É mais ou menos o que faz Tarcísio de Freitas (Republicanos) com as recentes andanças de cunho eleitoral. Refuta a pretensão de se candidatar à Presidência, mas alimenta a versão dando sinais de que se sente envaidecido com as especulações.
O governador de São Paulo,
contudo, não o faz por mera vaidade. Há estratégia nos gestos. O mais recente
deles, um tanto desprovido de imaginação, mas bastante explícito: a adoção do
slogan "40 anos em 4", em referência aos "50 anos em
5" de Juscelino Kubitschek.
Tarcísio se posiciona na rampa de lançamento,
mas não dá o salto a fim de evitar o pulo no escuro. O cenário ainda incerto
não permite precipitações. É preciso preparo e, pelo visto, é o que o
governador está fazendo.
Talvez atire em 2026 para acertar o alvo em
2030. Ou não, depende de como andarão as carruagens, cujas rédeas ainda estão
nas mãos de Luiz Inácio da Silva (PT) e cada vez menos nas de Jair
Bolsonaro (PL).
Uma das variantes teria a ver com a reação à
possível condenação do ex-presidente. A julgar pelos dados na pesquisa do
instituto Quaest, que apontam 55% das
pessoas considerando justa a punição, não haverá o levante popular
presumido por bolsonaristas. Ou melhor, por parte deles.
Valdemar
Costa Neto, presidente do PL, parece conformado. Atesta que "a
maioria apoia Alexandre de Moraes" e, desacorçoado, vê em Donald Trump "a
única salvação". Como sabe da impossibilidade de o presidente americano
interferir na decisão do Supremo Tribunal Federal, na avaliação dele a batalha
estaria perdida.
Sendo como diz Valdemar, caberia à direita
virar a página e sair à francesa da aba da família Bolsonaro, como de resto vêm
fazendo políticos do centrão ao cortejar Tarcísio que, penhorado, corresponde e
agradece.
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