O Estado de S. Paulo
Governadores fortes e palanques fracos nos Estados são desafios para Lula, agora e depois
O presidente Lula, que adora um palanque, vive em campanha e sobe no salto alto com muita facilidade, é o franco favorito, quase candidato único para 2026, mas enfrenta um obstáculo e tanto: a falta de candidatos competitivos, não apenas do PT, mas da própria esquerda, sobretudo em Estados decisivos como São Paulo, Rio e Minas. Não se trata só de um problema eleitoral, mas também de uma ameaça à governabilidade a partir de 2027.
A ida de Guilherme Boulos para a Secretaria-Geral da Presidência é exemplo de cobertor curto. Reforça o Planalto e o diálogo do governo com os movimentos sociais, mas deixa o chamado campo progressista descoberto em SP. Sem Boulos, que nem é do PT, mas do PSOL, e já perdeu a eleição para a Prefeitura da capital, quem sobra? Fernando Haddad vai de novo para o sacrifício?
E no Rio? Grandes nomes do PT, ou remetem ao passado, como Benedita da Silva, ou têm lá seus probleminhas, como Washington Quaquá, prefeito de Maricá e pai do presidente do partido no Estado, Diego Zeidan. Ok, Wilson Witzel foi eleito governador da noite para o dia, na onda novidadeira e antissistema de 2018, mas Lula nem é novidade nem antissistema como Bolsonaro era. Aliás, foi ele, Lula, quem fritou o PT no Rio em favor dele próprio.
Romeu Zema chegou na mesma onda de Witzel,
mas mantém popularidade alta e o comando de um poderoso colégio eleitoral,
famoso pela máxima de que só vira presidente quem ganha em Minas. O favorito ao
governo é o senador Cleitinho, do Republicanos. Quem do PT ou da esquerda pode
enfrentá-lo, após o declínio tanto do PT quanto do PSDB?
Lula começou a semana acuado e com a oposição
assanhada, mas o governo conquistou por um voto a presidência da CPI da
Segurança, o Congresso aprovou a isenção do IR até R$ 5.000 e, mal ou bem, ele
tirou a foto com líderes relevantes internacionais em Belém – são menos do que
se esperava, mas o suficiente para a campanha.
Essa montanha-russa, com Lula em baixa no
início do ano, em alta no fim, em baixa na segunda-feira, em alta na sexta,
confirma que a sua posição é confortável para disputar um quarto mandato, mas
também serve de alerta: muita coisa pode acontecer até as urnas de 2026.
Em 1994, Lula, com 40% nas pesquisas, foi franco favorito até meados de junho, a quatro meses da eleição, mas perdeu para Fernando Henrique já no primeiro turno. Não há hoje um FHC à disposição nem um Plano Real à vista, mas é sempre bom lembrar que eleição não se ganha de véspera. Sempre pode haver surpresas, especialmente com fortes governadores de oposição e palanques estaduais claudicantes.

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