sexta-feira, 17 de abril de 2009

Comportamento fascista

EDITORIAL
DEU NO JORNAL ZERO HORA (RS)

As imagens da população agredida pelos funcionários de uma concessionária dos serviços de trens na Estação Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, são de alguma maneira emblemáticas de excessos condenáveis contra usuários de transportes coletivos no Brasil. Agentes da Supervia foram flagrados agredindo passageiros com socos, pontapés e chicotes improvisados, para manter fechadas as portas de um trem superlotado. Por mais que as circunstâncias indicassem que a situação era de descontrole, como alegou a empresa para explicar o episódio, é inaceitável que tal método de manter o serviço em funcionamento seja sequer imaginado.

A questão sugere várias reflexões. Os funcionários das concessionárias atuam nas estações com a função de impedir que, quando os trens estão lotados, haja risco para os usuários que ficam junto às portas. A própria necessidade de agentes escancara a baixa qualidade dos trens, cuja tecnologia não aciona os mecanismos de controle automático, hoje comuns no transporte de passageiros. Se a situação havia chegado a níveis críticos, como informa a nota da empresa, “com passageiros viajando em cima do trem e tentativas de bloqueio dos fechamentos das portas”, havia certamente meios mais adequados de lidar com essa situação, inclusive pelo eventual apelo às autoridades policiais. De resto, a culpa pela superlotação não pode, a bem da própria razoabilidade, ser debitada aos passageiros. Eles são as vítimas dessa situação.

O desrespeito de que os usuários foram vítimas precisa ser visto como exemplo de inadmissível prepotência e de falta de consideração com o consumidor de um serviço pelo qual pagam e do qual a sociedade como um todo necessita. O comportamento abusivo dos funcionários agride os mais elementares direitos dos cidadãos e é incompatível com a democracia. O episódio do Rio precisa ser visto como exemplo do que nunca deve se repetir em qualquer cidade e em qualquer serviço.

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