DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Para economistas, os presidenciáveis - com formação na desenvolvimentista Unicamp - não têm diferença significativa na forma que veem o papel do Estado
Julia Duailibi
Hoje eles divergem, ou dizem divergir, em praticamente todas as áreas. Mas apesar dos embates e das críticas, os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) já viram o mundo com cores parecidas. Tanto que a petista citou trechos da produção acadêmica do tucano em artigo sobre a crise econômica em 1993.
Em texto chamado Crise no Estado e Liberalismo, publicado pela revista Executivo, da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos, do Rio Grande do Sul, Dilma cita Serra duas vezes e reproduz trechos da obra do maior adversário político.
No artigo, a petista analisa a "proposta neoliberal" e a crise social e econômica do Brasil à época. Numa primeira parte, relaciona o fortalecimento do neoliberalismo ao "fracasso" das políticas keynesianas e ao questionamento do estado de bem-estar social. Na segunda, na qual fala do tucano, trata do papel do Estado no processo de industrialização e da "falência do momento desenvolvimentista".
Dilma cita Serra pela primeira vez ao analisar o papel do Estado. "Como mostra José Serra, afora suas funções de gestor das políticas monetária e fiscal, de tutor da política salarial e de provedor dos serviços públicos, o papel do Estado será decisivo pela "(...) definição, articulação e sustentação financeira dos grandes blocos (...) e criação da infraestrutura e produção direta de insumos intermediários"", disse Dilma, na época no PDT.
Na conclusão do texto, de três páginas, critica as "elites brasileiras" por apoiarem um Estado mínimo e volta a citar o adversário. "Nesse quadro, como registra José Serra, caímos num estruturalismo às avessas "onde o estruturalismo identificava falhas de mercado e propunha intervenções do Estado, passa-se a identificar falhas do Estado e propõe-se mais liberdade de mercado"."
Citações. Dilma publicou o artigo quando era presidente da Fundação de Economia e Estatística (FEE) em Porto Alegre. O texto fala duas vezes de José Serra e uma vez do polonês Adam Przeworsky, cientista político da Universidade de Chicago.
Economistas dizem que Serra e Dilma não apresentam diferenças significativas na forma como veem o papel do Estado. Ambos têm formação acadêmica na Unicamp, universidade tida como desenvolvimentista, que defende um Estado atuante.
Em 1993, quando o texto foi publicado, Serra era deputado pelo PSDB. Dilma assumiu naquele ano a Secretaria de Minas e Energia, no governo gaúcho de Alceu Collares (PDT). O texto de Serra que Dilma usou foi produzido em 1982 e chama-se Ciclos e mudanças estruturais na economia do pós-guerra. Consta do livro Desenvolvimento Capitalista no Brasil, organizado por Luiz Gonzaga Belluzzo e Renata Coutinho.
Para economistas, os presidenciáveis - com formação na desenvolvimentista Unicamp - não têm diferença significativa na forma que veem o papel do Estado
Julia Duailibi
Hoje eles divergem, ou dizem divergir, em praticamente todas as áreas. Mas apesar dos embates e das críticas, os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) já viram o mundo com cores parecidas. Tanto que a petista citou trechos da produção acadêmica do tucano em artigo sobre a crise econômica em 1993.
Em texto chamado Crise no Estado e Liberalismo, publicado pela revista Executivo, da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos, do Rio Grande do Sul, Dilma cita Serra duas vezes e reproduz trechos da obra do maior adversário político.
No artigo, a petista analisa a "proposta neoliberal" e a crise social e econômica do Brasil à época. Numa primeira parte, relaciona o fortalecimento do neoliberalismo ao "fracasso" das políticas keynesianas e ao questionamento do estado de bem-estar social. Na segunda, na qual fala do tucano, trata do papel do Estado no processo de industrialização e da "falência do momento desenvolvimentista".
Dilma cita Serra pela primeira vez ao analisar o papel do Estado. "Como mostra José Serra, afora suas funções de gestor das políticas monetária e fiscal, de tutor da política salarial e de provedor dos serviços públicos, o papel do Estado será decisivo pela "(...) definição, articulação e sustentação financeira dos grandes blocos (...) e criação da infraestrutura e produção direta de insumos intermediários"", disse Dilma, na época no PDT.
Na conclusão do texto, de três páginas, critica as "elites brasileiras" por apoiarem um Estado mínimo e volta a citar o adversário. "Nesse quadro, como registra José Serra, caímos num estruturalismo às avessas "onde o estruturalismo identificava falhas de mercado e propunha intervenções do Estado, passa-se a identificar falhas do Estado e propõe-se mais liberdade de mercado"."
Citações. Dilma publicou o artigo quando era presidente da Fundação de Economia e Estatística (FEE) em Porto Alegre. O texto fala duas vezes de José Serra e uma vez do polonês Adam Przeworsky, cientista político da Universidade de Chicago.
Economistas dizem que Serra e Dilma não apresentam diferenças significativas na forma como veem o papel do Estado. Ambos têm formação acadêmica na Unicamp, universidade tida como desenvolvimentista, que defende um Estado atuante.
Em 1993, quando o texto foi publicado, Serra era deputado pelo PSDB. Dilma assumiu naquele ano a Secretaria de Minas e Energia, no governo gaúcho de Alceu Collares (PDT). O texto de Serra que Dilma usou foi produzido em 1982 e chama-se Ciclos e mudanças estruturais na economia do pós-guerra. Consta do livro Desenvolvimento Capitalista no Brasil, organizado por Luiz Gonzaga Belluzzo e Renata Coutinho.
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