DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)
ENTREVISTA » Paulo Tafner
Pesquisador do Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), órgão da Presidência da República, Paulo Tafner prevê que o Brasil passará por mudança eleitoral nas próximas décadas em decorrência do envelhecimento e morte de uma geração de analfabetos, a qual será substituída por jovens alfabetizados, e muito mais críticos na hora de votar e avaliar o governo. O Brasil atingiu o ápice do seu eleitorado, previu durante o 7º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), no Recife. A seguir, leia trechos da entrevista concedida a Paulo Sérgio Scarpa.
JC. Qual será o futuro do eleitorado brasileiro?
PAULO TAFNER. O eleitorado vai aumentar em quantidade, mas as participações relativas vão se modificar bastante. Os jovens terão seu número reduzido drasticamente em aproximadamente em 50% nos próximos 30, 40 anos. Isso é, o principal grupo de eleitores será o mais maduro, mais vivido e nessa medida mais conservador. A médio prazo, o Brasil deve se encaminhar para políticas mais liberais, mais centradas, em valores conservadores e de reformas de estrutura no sentido de integrar o País ao resto do mundo, não ao contrário.
JC. Isso significaria um voto mais crítico em relação ao voto de hoje?
TAFNER. Acho que tende a mudar o perfil do eleitor. Daqui a uma década e meia, não teremos praticamente eleitores analfabetos, a quantidade de eleitores pobres será muito menor do que hoje, e o número de eleitores que dependam de transferências do governo, à exceção dos recursos da Previdência, tenderá também a ser menor. Então isso fará com que o eleitorado seja menos dependente de ações do Estado, e nessa medida talvez mais crítico ao próprio Estado tendo em vista que algumas das políticas públicas são especialmente ineficientes, como a saúde e a educação no Brasil.
JC. Essa mudança dependerá de qual fator?
TAFNER. Há uma mudança demográfica em curso no País que não há nada que um presidente da República possa fazer para mudar isso. Por outro lado, há uma dinâmica econômica que é pouca influenciada pelo governo. O setor privado vem andando bem, vem investindo, aplicando na capacitação de sua mão de obra, a economia mundial vem crescendo. E os efeitos de uma ação pública são mais reduzidos. Então, essas mudanças ocorrerão independentemente da vontade de um governo. Isso fará com que o eleitor daqui a 20 anos tenha uma outra perspectiva ao escolher o seu governante.
JC. Isso implicaria em uma mudança partidária, para que os partidos acompanhem a sociedade?
TAFNER. A política partidária responde ao eleitor mediano, se ele caminha mais para o centro, tenderá a ser conformar uma composição partidária no centro, os extremos serão expelidos. O mesmo acontecerá se mais a direita ou à esquerda. Mas há bastante tempo o eleitorado brasileiro está se convergindo para um posicionamento de centro, queremos governantes que tenham empenho e atitude, mas que tenham sobretudo uma visão de mundo e uma implementação de políticas numa ótica de centro. Ou seja, eficiência, gasto público para os mais pobres e infraestrutura para que a economia possa crescer.
ENTREVISTA » Paulo Tafner
Pesquisador do Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), órgão da Presidência da República, Paulo Tafner prevê que o Brasil passará por mudança eleitoral nas próximas décadas em decorrência do envelhecimento e morte de uma geração de analfabetos, a qual será substituída por jovens alfabetizados, e muito mais críticos na hora de votar e avaliar o governo. O Brasil atingiu o ápice do seu eleitorado, previu durante o 7º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), no Recife. A seguir, leia trechos da entrevista concedida a Paulo Sérgio Scarpa.
JC. Qual será o futuro do eleitorado brasileiro?
PAULO TAFNER. O eleitorado vai aumentar em quantidade, mas as participações relativas vão se modificar bastante. Os jovens terão seu número reduzido drasticamente em aproximadamente em 50% nos próximos 30, 40 anos. Isso é, o principal grupo de eleitores será o mais maduro, mais vivido e nessa medida mais conservador. A médio prazo, o Brasil deve se encaminhar para políticas mais liberais, mais centradas, em valores conservadores e de reformas de estrutura no sentido de integrar o País ao resto do mundo, não ao contrário.
JC. Isso significaria um voto mais crítico em relação ao voto de hoje?
TAFNER. Acho que tende a mudar o perfil do eleitor. Daqui a uma década e meia, não teremos praticamente eleitores analfabetos, a quantidade de eleitores pobres será muito menor do que hoje, e o número de eleitores que dependam de transferências do governo, à exceção dos recursos da Previdência, tenderá também a ser menor. Então isso fará com que o eleitorado seja menos dependente de ações do Estado, e nessa medida talvez mais crítico ao próprio Estado tendo em vista que algumas das políticas públicas são especialmente ineficientes, como a saúde e a educação no Brasil.
JC. Essa mudança dependerá de qual fator?
TAFNER. Há uma mudança demográfica em curso no País que não há nada que um presidente da República possa fazer para mudar isso. Por outro lado, há uma dinâmica econômica que é pouca influenciada pelo governo. O setor privado vem andando bem, vem investindo, aplicando na capacitação de sua mão de obra, a economia mundial vem crescendo. E os efeitos de uma ação pública são mais reduzidos. Então, essas mudanças ocorrerão independentemente da vontade de um governo. Isso fará com que o eleitor daqui a 20 anos tenha uma outra perspectiva ao escolher o seu governante.
JC. Isso implicaria em uma mudança partidária, para que os partidos acompanhem a sociedade?
TAFNER. A política partidária responde ao eleitor mediano, se ele caminha mais para o centro, tenderá a ser conformar uma composição partidária no centro, os extremos serão expelidos. O mesmo acontecerá se mais a direita ou à esquerda. Mas há bastante tempo o eleitorado brasileiro está se convergindo para um posicionamento de centro, queremos governantes que tenham empenho e atitude, mas que tenham sobretudo uma visão de mundo e uma implementação de políticas numa ótica de centro. Ou seja, eficiência, gasto público para os mais pobres e infraestrutura para que a economia possa crescer.
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