A democracia è uma categoria histórica. Sua configuração se constitui em cada momento de vida política e social a partir dos valores não históricos, mas universais, da liberdade, igualdade e solidariedade, mais precisamente da maneira como os indivíduos passam a se relacionar entre si na sociedade em base a sua interpretação daqueles valores.
Por isso que para entender o significado de democracia não é suficiente simplesmente nomeá-la sem mencionar os aspectos concretos que a tornem inteligível em cada fase histórica. Por exemplo, quando hoje falamos de democracia nos referimos a um determinado sistema político baseado na representatividade. Trata-se da democracia republicana como alguns a define. Outros preferem chamá-la de democracia liberal.
Outros, simplesmente, de democracia representativa. Não sei como Tocqueville, mencionado pelo Prof. Alberto Aggio, encarava a democracia, se sistema democrático representativo, como meta ideal, perfeita e não modificável, ou, por outro lado, como etapa (certamente importante) no ordenamento político edificado pelos indivíduos ao longo da história. Porque o problema reside justamente nisso.
No mundo em que vivemos hoje - estou falando logicamente daqueles países que são democráticos e não submetidos à ditaduras - o que se questiona não é a possibilidade de que a democracia (que temos) venha a regredir, substituída por regimes ditatoriais.
Em questionamento está a própria democracia historicamente formada e existente hoje, resultado das lutas importantes do passado para chegar a ela. O que se vé - e aqui está o erne do problema - è que a democracia hoje tem dificuldades de dar respostas aos anseios da sociedade que pressiona sempre mais para maiores direitos íde liberdade, igualdade e solidariedade.
E, portanto, entre os problemas postos no mundo atual, que exigem o envolvimento das forças políticas, da intelectualidade, do mundo acadêmico, e de todos os que têm consciência a respeito, está precisamente a necessidade de repensar a democracia, firme restando que o ponto de partida deve ser o sistema político de hoje, resultado dos avanços até agora conseguidos no campo da democracia, a qual não poderá sofrer regressões.
Este è o desafio, a meu ver, que se impõe hoje para que se possa avançar nesta importante questão, de modo que se possa retomar o caminho em direção a um mundo melhor. Já perguntei em uma minha intervenção precedente, de que forma a esquerda encara este problema? A democracia è "igualdade+liberdade", ou "liberdade mais igualdade", sendo que o termo que vem depois do +deve ser visto como secundário, distinto, corolário do primeiro? Ou talvez seja outra coisa?
É exatamente nas respostas a isso que vamos descobrir o que diferencia a direita da esquerda e, portanto, justificar e validar como atuais estas categorias.
Giovanni Menegoz, ensaísta e tradutor
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